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Moradores contam estragos e relatam apreensão após fortes chuvas no Cabo de Santo Agostinho

O deslizamento de uma barreira em Ponte dos Carvalhos deixou moradores da região apreensivos

Moradores do Cabo tentam limpar lama após fortes chuvasMoradores do Cabo tentam limpar lama após fortes chuvas - Foto: Alexandre Aroeira/Folha de Pernambuco

Um dia após as fortes chuvas que assolaram diversos municípios de Pernambuco, ainda é possível perceber os estragos nesta sexta-feira (16) em algumas das regiões mais afetadas do Estado.

No Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, o deslizamento de uma barreira em Ponte dos Carvalhos deixou apreensivos moradores da região.

“Fico muito preocupada. É muito perigoso, a gente fica com medo. A gente ontem [quinta-feira, 15] tirou uns 30 baldes de água de barro aqui”, disse a dona de casa Maria Betânia dos Santos, 43 anos, cuja casa fica localizada abaixo da barreira que deslizou.

O jardineiro Arlindo da Silva, 59 anos, não dormiu em casa com a família por medo do que poderia ocorrer. “Se cair aquela outra barreira lá de cima, se bater o pé d’água, vai ser bem em cima do meu barraco. Fica difícil. Bota plástico de um lado mas não bota de outro. A solução mesmo seria muro de arrimo”, comentou.

A preocupação também é grande para o açougueiro Rosenildo José da Silva, 47 anos. “Já está um sofrimento desse, nessa pandemia, mais isso aí. É muito difícil, porque a gente já vive uma vida dessa e não tem nem para onde ir”, contou, emocionado.

Segundo a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, apesar do deslizamento, nenhuma casa foi atingida e não houve feridos. O órgão também afirmou que foram colocadas lonas no local para evitar novos deslizamentos.

A prefeitura informou, ainda, que na quinta-feira (15), foram registradas 21 ocorrências de deslizamento de barreira e seis quedas de árvores. De acordo com a gestão municipal, dez famílias deixaram  suas residências e passaram a ser assistidas pela Secretaria de Programas Sociais.

Na Avenida Joaquim Rodrigues, na PE-28, uma das principais entradas para a Praia de Gaibu, as chuvas também fizeram estragos, inclusive gerando prejuízos para pequenos comerciantes locais que relataram as dificuldades em trabalhar enquanto não limpassem o local.

Foi o caso de Carlos Roberto da Silva, 58 anos. “Desde sábado que a gente vem tirando essa terra aqui. Eu não estou nem mais trabalhando, porque eu não tenho como, quando eu começo a trabalhar, chove”, contou. Com os danos decorrentes da chuva e a pausa no pequeno negócio de conserto de eletrodomésticos, Seu Carlos acredita já ter tido um prejuízo de ao menos R$ 5 mil. “Até o aluguel desse mês aqui eu vou atrasar, porque não tem como eu pagar”, disse.

Em Enseada dos Corais, a situação também foi crítica e moradores relataram que permaneceram ilhados até o nível da água abaixar na região. “Ficou sem ninguém descer e sem ninguém subir. Voou tampa de caixa d’água, a menina perdeu o berço, só vendo. Foi muito forte a chuva e também a ventania, porque é perto da praia, aí é mais forte. Ficou todo mundo ilhado, sem poder sair”, destacou Aliete Maria da Costa, 70 anos, aposentada. Segundo ela, quem precisou sair de casa nesta quinta, teve de esperar das 14h até as 20h para que a água diminuísse.

De acordo com o monitoramento de chuvas da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), choveu 102,79 milímetros na região de Enseada dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho, nas 24 horas contadas até as 8h desta sexta-feira (16). Em Ponte dos Carvalhos, a precipitação foi de 86,13 milímetros no mesmo período. Em Charneca, caíram 75,61 mm de chuva.

Orientações

O major George Vitoriano, coordenador da Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de Pernambuco (CODECIPE) afirmou que o órgão tem monitorado as chuvas na Região Metropolitana do Recife, inclusive junto à Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).  “Fizemos o acionamento do sistema estadual de Defesa Civil para dar todo o apoio. As Defesas Civis municipais se mobilizaram passaram a fazer acompanhamento desses locais mais vulneráveis”, comentou.

Segundo o oficial, alguns municípios da Região Metropolitana e da Zona da Mata demandam mais atenção devido à densidade populacional e aos riscos. “Todo esse trabalho garantiu que a gente pudesse não ter óbitos registrados em razão de deslocamento de massa. Isso é extremamente importante e reflete todo esse trabalho da Defesa Civil”, disse.

O coordenador também explicou alguns cuidados para diminuir os riscos em áreas mais vulneráveis. “É importante destacar alguns cuidados que a população deve ter principalmente nessas áreas de morro, no cuidado com o lixo, que caso seja descartado irregularmente vai para área de córrego. O primeiro pedido da Defesa Civil é sobre a destinação do lixo, que é extremamente importante. Nessas áreas de encostas deve ser evitada a plantação de árvores grandes. Quando chove gera um peso na encosta, o que pode potencializar o deslocamento”, analisou.

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