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guerra no oriente médio

Moradores de Gaza procuram parentes nas valas comuns do hospital Nasser

Defesa Civil de Gaza anunciou que exumou quase 340 corpos no complexo do hospital

Hospital Nasser, no sul de Gaza Hospital Nasser, no sul de Gaza  - Foto: AFP

"Meu coração de mãe dizia que era Nabil", declarou Reem Zidan à AFP na quarta-feira (24), depois de recuperar o corpo do filho de 22 anos, exumado por uma escavadeira perto do hospital Nasser de Khan Yunis, em Gaza.

As tropas israelenses atacaram o hospital durante vários dias, alegando que o movimento islamista Hamas, que governa a Faixa de Gaza, utiliza o local para fins militares.

Após a recente retirada dos soldados israelenses, as autoridades palestinas afirmam que descobriram valas comuns no hospital Nasser, o mais importante do sul da Faixa de Gaza.

"Eles me disseram para ficar afastada, mas eu disse: 'Meu filho está na escavadeira'", explicou Zidan, de 42 anos.

"Eu perdi contato há três meses e, hoje, o reencontrei", declarou a mulher, que também afirmou que o filho morreu em um ataque aéreo israelense, sem especificar a data.

Na terça-feira (23), a Defesa Civil de Gaza anunciou que exumou quase 340 corpos no complexo do hospital e afirmou que as vítimas foram assassinadas e enterradas pelos israelenses.

O Exército de Israel nega ter enterrado os palestinos. Várias pessoas disseram à AFP que alguns corpos foram enterrados por parentes ou amigos.

Ao contrário de Zidan, muitos ainda não encontraram os corpos de seus familiares.

Sonia Abou Rajilah, uma moradora de 52 anos de Khan Yunis, procura o filho Hazem, 29 anos, que foi enterrado por seus amigos no hospital Nasser.

"Aguardo os cadáveres que são exumados, com a esperança de reconhecer o corpo dele", disse à AFP a moradora de Gaza, que tenta localizar a camisa bege e as calças de cor cinza que o filho vestia na última vez que o viu.

Os apelos por uma investigação internacional sobre as valas comuns são cada vez mais intensos.

"Sem uma investigação real para determinar como estas pessoas morreram ou que violações podem ter sido cometidas, nunca saberemos a verdade sobre os horrores por trás das valas comuns", afirmou Erika Guevara, diretora da Anistia Internacional.

A Casa Branca exigiu na quarta-feira "respostas" das autoridades israelenses após a descoberta das valas comuns nos hospitais Nasser e Al Shifa, na Cidade de Gaza

Acusações "falsas e sem fundamento"
O governo de Israel chamou na quarta-feira de "falsas e sem fundamento" as acusações de que o Exército teria enterrado corpos de palestinos no hospital de Khan Yunis.

Mas não respondeu às alegações do governo de Gaza, liderado pelo Hamas, de que o Exército israelense matou as pessoas que foram exumados.

Os militares israelenses reconheceram que desenterraram corpos no complexo hospitalar para tentar encontrar os cadáveres de reféns tomados pelo Hamas em seu ataque sem precedentes de 7 de outubro.

"Depois de examinados", as tropas "devolveram os corpos ao local", afirmou o Exército em um comunicado

No ataque de 7 de outubro, os milicianos do Hamas assassinaram 1.170 pessoas, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses, e sequestraram mais de 250, das quais 129 continuam em Gaza.

A vasta operação militar iniciada por Israel contra Gaza deixou mais de 34.300 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Hamas.

O comandante Nadav Shoshani, porta-voz do Exército israelense, denunciou "a desinformação que circula sobre a vala comum descoberta no hospital Nasser".

"A vala em questão foi cavada pelos habitantes de Gaza há alguns meses", disse.

Nawal al Zaqzouq, 60 anos, comparece ao hospital todos os dias para tentar encontrar o corpo do filho, Alaa al Attal. Seu irmão o enterrou no local depois que ele não resistiu a uma hemorragia provocada pelo disparo de um franco-atirador israelense, afirmou a mãe.

"Nós afirmamos que, quando as coisas se acalmassem ao redor do hospital, iríamos buscá-lo para fazer o enterro no cemitério", afirmou.

"Mas ainda não encontramos o corpo dele".

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