Moradores de Olinda temem queda de barreiras com a chegada do período com mais chuvas
Nas zonas historicamente afetadas por chuvas, população volta a ter medo em áreas de risco
Com a chegada do período de mais chuvas em Pernambuco - que vai até julho -, um fantasma antigo ronda as famílias que vivem em zonas de risco em Olinda: o medo de perder tudo, inclusive a vida, em um deslizamento. Quase três meses após o deslizamento de terra que vitimou um jovem de 19 anos no bairro de Águas Compridas, moradores não têm alternativas de moradia e culparam o poder público pela falta de opção.
A dona de casa Severina Cecilia da Silva, de 65 anos, que sempre morou a vida inteira na rua Seis de Agosto, conta que teve que alugar uma casa, sem ter condições, para poupar a própria vida. "A prefeitura prometeu dar uma ajuda, um auxilio, e até agora não vi nada. Mandaram a gente sair rápido e não deram recurso nenhum. Não deram solução de nada", conta.
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"Por hora, nós, moradores, não podemos fazer nada. Se eu tivesse dinheiro, não estava morando nesses precipícios. Moro porque não tenho condições. Estou fazendo das tripas, coração. Quando acabar a época das chuvas, vou ter que voltar, porque não vou me enterrar viva", explica a moradora.
Segundo o morador João Bezerra de Melo, 73 anos, que mora no local há 40 anos, nada muda no bairro. "A prefeitura veio, colocou o plástico, mas não resolveram mais nada. Era para darem prioridade para nós, que estamos com mais necessidade, para não acontecer mais acidente. Estamos na expectativa", denunciou João.
De acordo com a população, a Defesa Civil de Olinda não voltou ao local durante esse tempo e algumas casas correm o risco de desabar caso chegue uma chuva forte na cidade.
A reportagem da Folha de Pernambuco entrou em contato com a Prefeitura de Olinda, mas até a publicação deste texto não obteve resposta.