Moradores de prédio desocupado em Boa Viagem por rompimento de fossa detalham apreensão
No momento, a determinação é de que dois dos apartamentos devem seguir isolados até o resultado do laudo, que deve levar entre cinco a 10 dias para ser divulgado
Moradores de um prédio na rua Capitão Zuzinha, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, foram surpreendidos, na manhã desta sexta-feira (27), com o rompimento de uma fossa no condomínio. Esse desabamento ocasionou a desocupação de três apartamentos do local, o que gerou transtorno, apreensão e muita dúvida nos residentes.
O Edifício Bonelli tem 50 anos, com nove apartamentos divididos em três blocos. A fossa que rompeu fica na área externa, ao lado de um desses blocos, e não costuma mais ser ocupada pelos moradores.
Agentes da Defesa Civil do Recife concluíram a vistoria na manhã desta sexta, e seguem para a elaboração do laudo técnico da estrutura para determinar se vai ser preciso ou não isolar outros pontos. No momento, a determinação é de que dois dos apartamentos devem seguir isolados até o resultado do laudo, que deve levar entre cinco a 10 dias para ser divulgado. O prédio também vai ter que contratar um engenheiro para realizar mais uma avaliação.
O outro apartamento, do terceiro andar do prédio, foi liberado, já que lá residem pessoas mais jovens e com saúde melhor. As duas residências interditadas precisam seguir sem ocupação porque as moradoras já são idosas, e têm mais dificuldades para se locomover.
"A interdição segue não por conta de algo estrutural com os apartamentos, e sim por conta dessa questão das moradoras, que vão ficar em casas de parentes nesse meio tempo. O prédio vai tomar todas as medidas cabíveis para solucionar isso o mais rápido possível, é seguimos esperando o laudo técnico da Defesa Civil para poder retomar as atividades normalmente", explicou a sub-síndica do edifício, Nara Dias.
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Uma das moradoras que precisaram ser evacuadas foi Wilma Silva, enfermeira residente de 25 anos. Ela é natural de Vivência, Zona da Mata de Pernambuco, e mora no prédio há pouco tempo. À Folha de Pernambuco, ela relatou que a área da fossa era pouco usada, e que nunca viu festas ou até mesmo brincadeiras de crianças no local. Ela disse, também, que foi surpreendida pela situação.
"Até onde a gente sabe, isso aconteceu ontem à noite, quando estávamos dormindo. Quando acordei, fui surpreendida por esse rompimento. O susto foi grande, estou aperreada até agora. Tive que pedir para que meu chefe me liberasse para que eu pudesse acompanhar e ouvir a Defesa Civil", explicou.
Ainda de acordo com Wilma, inicialmente não foram passadas maiores informações sobre a situação estrutural, embora a saída do apartamento tenha sido recomendada. "Disseram para a gente sair porque tinham que avaliar como está a situação do bloco. No interior do apartamento, não é possível ver rachaduras ou qualquer dano à estrutura", afirmou.
Outro morador da área que precisou passar por transtornos nesta manhã foi Walter Mendes, empresário de 60 anos. Ele mora no prédio desde criança, e ao saber do rompimento, já organizou a evacuação da mãe, de 94 anos.
"Agora ela está na casa de uma vizinha em outro bloco. Graças a Deus a situação não foi mais grave, já que o local basicamente não era mais usado, poucas pessoas iam para ali. Minha mãe já é muito idosa, então precisamos fazer isso", pontuou.
Walter Mendes explicou também que há a suspeita de que o rompimento tenha sido causado por infiltrações contínuas ao longo dos anos, por conta das chuvas. "Pode ser que isso tenha afetado, mas vamos esperar a Defesa Civil. Mas acho que tudo, independente do tempo, precisa ter manutenção. Esse caso não vai fugir as regras", disse.
A Folha de Pernambuco esteve no local do rompimento, e questionou os agentes que realizaram a vistoria em busca de mais informações, que não puderam ser repassadas. A reportagem procurou também a Defesa Civil do Recife, em busca de um parecer oficial sobre a situação, mas, até a última atualização da matéria, não recebeu retorno. O canal segue aberto.