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Morre advogado que apresentou primeiro processo contra Pinochet no Chile

A ditadura Pinochet deixou mais de 3.200 vítimas, entre mortos e detidos desaparecidos

O advogado Eduardo Contreras, que em 1998 apresentou a primeira queixa judicial contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet. O advogado Eduardo Contreras, que em 1998 apresentou a primeira queixa judicial contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet.  - Foto: Alemão Zarate / AFP

O advogado Eduardo Contreras, que apresentou em 1998 a primeira denúncia judicial contra o ex-ditador chileno Augusto Pinochet, faleceu no domingo aos 84 anos, informou nesta segunda-feira (27) o Partido Comunista (PC) do Chile, no qual ele militava.

"O Partido Comunista expressa seu profundo pesar pela partida física de nosso companheiro, que foi um destacado militante, deputado, embaixador, prefeito e responsável, junto com Gladys Marín, pela primeira ação judicial contra Pinochet em 1998", escreveu o partido político nas redes sociais.

Em 12 de janeiro de 1998, Contreras interpôs o primeiro processo contra Pinochet, semanas antes de o alto oficial deixar o comando do Exército - cargo que manteve por oito anos após deixar o poder - e de assumir posteriormente como senador designado.
 

A denúncia judicial contra o ex-ditador foi devida ao desaparecimento do dirigente comunista Jorge Muñoz, em 1976, bem como de outros altos membros de sua força política. Muñoz era o esposo de Gladys Marín, que, no momento de apresentar a ação em conjunto com Contreras, era secretária-geral do Partido Comunista.

"Um abraço grande à família de dom Eduardo Contreras, grande defensor dos direitos humanos que, ademais, com tremenda coragem, interpôs ao lado de Gladys Marín a primeira ação contra o ditador", escreveu o presidente chileno, Gabriel Boric, em seu perfil na rede X.

A ação apresentada por Contreras foi a primeira da série de denúncias contra Pinochet por crimes de lesa-humanidade e desvio de recursos públicos. Contudo, o ex-ditador, que morreu em 2006, não foi condenado em nenhum dos processos abertos contra ele.

A ditadura Pinochet deixou mais de 3.200 vítimas, entre mortos e detidos desaparecidos. O paradeiro de 1.162 dessas pessoas ainda é desconhecido.

Em abril de 2023, o tribunal de apelações ratificou a condenação contra 47 ex-agentes da ditadura pinochetista pelo desaparecimento dos oito dirigentes do PC, incluído Jorge Muñoz.

A Suprema Corte ainda deve resolver a sentença final.

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