Logo Folha de Pernambuco

Vaticano

Morre o cardeal Sodano, ex-braço direito de João Paulo II e Bento XVI

Cardeal era o número dois no Vaticano, nomeando a secretário de Estado em 1991

Cardeal italiano Angelo Sodano, número dois no Vaticano nos pontificados de João Paulo II e Bento XVICardeal italiano Angelo Sodano, número dois no Vaticano nos pontificados de João Paulo II e Bento XVI - Foto: Andreas Solaro / AFP

O cardeal italiano Angelo Sodano, número dois no Vaticano nos pontificados de João Paulo II e Bento XVI e envolvido em várias controvérsias que abalaram a Igreja, morreu na sexta-feira (27) aos 94 anos em Roma, anunciou o Vaticano neste sábado (28). 

Sodano morreu no hospital Columbus-Gemelli, em Roma, onde estava internado desde 9 de maio após sofrer complicações do coronavírus que contraiu há algumas semanas, segundo o site da Santa Sé, Vatican News. 

O papa Francisco recordou este "homem estimado da Igreja, que viveu o seu sacerdócio com generosidade (...) ao serviço da Santa Sé", num telegrama enviado à família e publicado pelo Vaticano. 

João Paulo II fez de Sodano o número dois no Vaticano, nomeando-o secretário de Estado em 1991, depois de torná-lo cardeal. 

O funcionário acompanhou o papa em cerca de 50 viagens ao exterior. Bento XVI o confirmou no cargo após sua eleição como papa em 2005. Sodano permaneceu no cargo até setembro de 2006, ou seja, um total de 15 anos. 

Em 2005, tornou-se também decano do Colégio dos Cardeais, que dirigia quando Bento XVI deixou o cargo em fevereiro de 2013. Mas, como já tinha mais de 80 anos na época, perdeu a oportunidade de participar do conclave que escolheu o novo papa. 

Em 2019, Francisco aceitou a renúncia do cardeal Sodano do cargo de reitor do Colégio dos Cardeais.

Nascido em 23 de novembro de 1927 na região italiana de Piemonte (norte), Sodano era o segundo de seis filhos de uma família camponesa. Graduou-se em Teologia e Direito Canônico em Roma e primeiro fez parte do corpo diplomático da Santa Sé em países como Equador, Chile e Uruguai. 

Em 1977, foi nomeado núncio apostólico por Paulo VI no Chile, onde manteve uma atitude muito tolerante com a ditadura de Augusto Pinochet. Nesta época, Sodano participou da mediação da Igreja Católica para resolver os problemas territoriais entre Argentina e Chile.

Voltou a Roma em 1988 e tornou-se o braço direito do cardeal secretário de Estado Agostino Casaroli. Em 1989 foi nomeado secretário para as relações com os Estados, cargo que equivale a um ministro das Relações Exteriores. 

O cardeal Sodano também esteve envolvido em controvérsias. Além de suas relações com Pinochet ou de seu alto padrão de vida em Roma, segundo o semanário National Catholic Reporter, ele também teria protegido o fundador dos Legionários de Cristo, o mexicano Marcial Maciel, falecido em 2008 e acusado de abuso contra menores. 

O funeral será realizado na Basílica de São Pedro na terça-feira, na presença do papa.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter