Morre o General Newton Cruz, ex-chefe do SNI na ditadura militar
O militar, de 97 anos, estava internado no Hospital Central do Exército, em Benfica, no Rio de Janeiro
O General Newton Cruz, ex-chefe do Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI) na ditadura militar, morreu, neste sábado, no Rio de Janeiro, aos 97 anos. Ele faleceu de causas naturais no Hospital Central do Exército, em Benfica, na Zona Norte, onde estava internado.
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O militar comandou o SNI entre os anos 1977 e 1983 e foi acusado de participar da tentativa de atentado a bomba no Riocentro em 1981. Ele chegou a ser denunciado pelo MPF em 2014 por participação no atentado e recebeu, meses depois, da Justiça Federal, um habeas corpus. Além dele, outros quatro militares e um delegado foram beneficiados.
Cruz também foi apontado pela Comissão da Verdade como um dos 377 militares que cometeram crimes durante a ditadura e acusado de participação no assassinato do jornalista Alexandre von Baumgarten, ex-diretor da extinta revista O Cruzeiro, crime do qual posteriormente foi julgado e absolvido.
Antes de morrer, Baumgarten afirmou em um dossiê ter sido jurado de morte, acusando o general Newton Cruz, então chefe da Agência Central do SNI, de ser o autor da ameaça.
Newton Cruz, conhecido por delcarações polêmicas, chegou a passar 10 dias preso, em 1990, após criticar o então presidente Fernando Collor de Melo. Em 1994, ele foi candidato ao governo do Rio pelo PSD. Terminou em terceiro colocado no primeiro turno, atrás de Marcello Alencar (PSDB) e Anthony Garotinho (PDT).
Outro momento controverso da trajetória do militar aconteceu em 23 de abril de 1984, dois dias antes da votação da Emenda Dante de Oliveira que, se aprovada, restabeleceria as eleições diretas para presidente. Newton Cruz, então Comandante-Militar do Planalto, desfilou pela Esplanada dos Ministérios montado num cavalo branco, à frente de uma tropa com seis mil militares e 116 tanques e carros de combate.