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LUTO

Amigos e familiares lamentam a morte do jornalista e político Ivan Maurício

Comunicador estava na casa do filho, no bairro das Graças, quando veio a óbito

Amigos e familiares lamentaram a morte de Ivan MaurícioAmigos e familiares lamentaram a morte de Ivan Maurício - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Familiares e amigos compareceram ao último adeus ao jornalista e político Ivan Maurício, no Recife, nesta quarta-feira (3). O velório e o sepultamento aconteceram no Cemitério de Santo Amaro, na região central da capital pernambucana.

Político, jornalista e artista plástico, Ivan Maurício Monteiro dos Santos morreu aos 73 anos, às 19h30 dessa terça-feira (2). Ele estava na casa de um dos seis filhos, Igor Santos, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife, quando faleceu.

Segundo o filho dele o publicitário Tiago dos Santos, de 43 anos, o jornalista estava na cama, se preparando para dormir, quando teve uma crise de ansiedade, sofreu falta de ar e morreu.

Com a saúde fragilizada, ele recebia cuidados no local desde o dia 11 de outubro, quando teve alta do Hospital Agamenon Magalhães, em Casa Amarela, onde chegou a dar entrada na UTI, devido a uma isquemia pulmonar e um derrame cerebral. Na ocasião, Ivan ficou em estado grave e respirando com a ajuda de aparelhos.

"Estamos bastante tristes, pois ele estava se recuperando muito bem do período hospitalizado. Meu pai tinha recuperado o peso e também voltado a andar", pontuou.

Homenagens
Durante o dia, homenagens foram prestadas e momentos religiosos marcaram as homenagens ao jornalista. Após prestar condolências à família, o empresário Eduardo de Queiroz Monteiro, presidente do Grupo EQM - do qual a Folha de Pernambuco faz parte - falou sobre a convivência com o jornalista.

"Eu conheço Ivan Maurício desde muito novo, na Política. Meu pai [Armando Monteiro Filho] fazia a vida pública, nos embates políticos e na resistência ao regime. Na época, meu pai integrava o Movimento Democrático Brasileiro [o MDB], junto de muitos, como Marcos Freire, Jarbas Vasconcelos e Egídio Ferreira Lima. Já nessa linha política, eu tive um convívio com Ivan Maurício. Ele fazia também militância política e depois nos aproximamos na área de comunicação, quando eu fiz a parceria com o Diario de Pernambuco, em 1994, e ele foi convidado por nós, quando estávamos chegando lá, para integrar a chefia da editoria do jornal. Tivemos um convívio grande. Ele teve um papel muito importante naquela reorganização do Diario de Pernambuco", relembrou.

Jornalista Ivan Maurício
Jornalista Ivan Maurício

O empresário destacou ainda que Ivan teve parcela de responsabilidade na fundação da Folha de Pernambuco.

"Ele participou dos trabalhos. O próprio Ipespe, quando fez as primeiras pesquisas, ele [Ivan], pela experiência que carregava por ter integrado o Diário da Noite, teve uma participação muito importante sobre definir o perfil do jornal, sendo mais popular, e ele participou das primeiras discussões sobre a Folha de Pernambuco", complementou.

"Guardo dele um convívio de muita admiração e de muito respeito. Sempre fui leitor dele, ouvinte no podcast e vim aqui em nome de todos nós que fazemos a Folha de Pernambuco, da linha editorial do jornal aos jornalistas e todo setor de comunicação, dar esse testemunho de um homem honrado, de um jornalista sério, de um exemplo imorredouro, porque o exemplo de Ivan Maurício fica e irradia como inspiração para todos os que fazem jornalismo no Estado", concluiu Eduardo de Queiroz Monteiro.

O filho de Ivan, Igor Santos, que prestou os cuidados ao pai desde a saída da UTI, relembrou os últimos dias antes da morte. Segundo ele, Ivan estava progredindo para a recuperação e tinha planos.

"Conversou com os filhos, com todo mundo. Ele recebeu visita, estava normal. Ele falava em voltar [às funções do jornalismo]. Planejava escrever um livro para falar dos amigos. Ele estava fazendo uma listagem dos 500 amigos dele para contar um pouco de cada história vivida com esses amigos", revelou.

O comunicador Geraldo Freire também esteve no velório e exaltou a boa qualidade de vida que o amigo prezava ter.

"Além de ser genial escrevendo ideias, foi também chefe e diretor de redações. Enfim, um camarada que nasceu e viveu para o jornal. Está indo embora um cara que nunca foi ambicioso, nunca se preocupou muito com as coisas, nem com a hora de chegar em algum lugar. Não usava relógio para não incomodar seus amigos. Não fumava e nunca bebeu. Se andava demais, comia pouco. Mas a morte vem e leva do jeito que leva tanta gente que a gente pensava que era da baderna. Ivan não era, mas teve um derrame, um derrame que matou o Ivan e a gente só tem que chorar", lamentou.

O advogado Adão Damasceno, amigo do jornalista, destacou lembranças de Ivan e falou sobre o momento difícil da partida.

"Ivan era uma figura elegante e um cara harmonioso. Tinha poucos amigos, mas era um cara congregador e sempre uma figura brilhante. Ivan Maurício não era só jornalista, ele era um grande artista plástico. Escrevia belissimamente. Ele estava editando um livro onde queria escrever sobre alguns amigos que tinha de importância na vida. Esse é o legado que eu deixo da figura do inesquecível e nobre amigo Ivan Mauricio. Na verdade, ninguém morre, a gente devolve à terra o que nos foi emprestado, que é a matéria. Ivan vai ser bem recebido lá na casa, a casa do Papai", destacou.

Vida profissional promissora
Ivan Maurício se dedicou ao jornalismo por mais de 50 anos. Começou a carreira aos 17 anos, no jornal Diario da Noite e, após passar por diversos veículos, assumiu a edição do Jornal Vanguarda, de Caruaru, na década de 1980 e em 1994 foi editor geral do Diario de Pernambuco.

Foi diretor de comunicação da Câmara Municipal de Olinda e secretário de imprensa do Governo de Pernambuco, na gestão de João Lyra Neto (2014 - 2015). Atuou ainda como assessor de comunicação de diversas empresas, além de prestar consultoria de marketing político.

Ele também foi fundador de uma editora conhecida por publicar cordéis e livros de cultura nordestina: a Coqueiro. Em 1985, Ivan foi candidato a senador (PSD) e, em 2020, pleiteou o cargo de vereador (MDB) pelo município de Olinda, onde residia.

Ivan deixa, além dos seis filhos, sete netos.

Autoridades lamentam falecimento
Por meio de nota, o prefeito de Olinda, professor Lupércio (PSD), definiu o profissional Ivan Maurício como uma "referência no jornalismo pernambucano".

"[Ivan] Passou pelos principais veículos de comunicação e teve destaque pelo grande comprometimento com a informação. Foi com tristeza que recebi a notícia do falecimento de Ivan. Que Deus conforte a família e os amigos neste momento tão difícil", diz o comunicado.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), também comentou sobre a perda para o jornalismo pernambucano.

"Foi com tristeza que recebi a notícia do falecimento do jornalista Ivan Maurício, com quem convivi mais de perto no período em que foi secretário de Imprensa do governo João Lyra. Toda a minha solidariedade à família e seus inúmeros amigos neste momento de despedida", disse ela, por meio de nota.

João Lyra Neto, também por meio de nota, lamentou a morte do jornalista:"O meu abraço de solidariedade à família e inúmeros amigos de Ivan Maurício, que nos deixou ontem, 02. Ivan foi jornalista competente em todos os projetos profissionais que abraçou, tanto na longa carreira nos veículos de comunicação, como também como secretário de Imprensa, quando tive a honra de governar o nosso Estado", começou. 

"Ivan deixa também em seu legado um defensor, incansável, da democracia. Pernambuco se despede de um de seus jornalistas mais respeitados e eu, particularmente, de um amigo de muitos anos. Que Deus console a todos!", finalizou.

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