LUTO

Morre Papa Emérito Bento XVI, aos 95 anos

Ex-pontífice da Igreja Católica teve uma piora em seu quadro de saúde nos últimos dias

Papa Emérito Bento XVI morreu neste sábado (31), aos 95 anos. Papa Emérito Bento XVI morreu neste sábado (31), aos 95 anos.  - Foto: PATRICK HERTZOG/AFP

O Papa Emérito Bento XVI morreu neste sábado (31), aos 95 anos. O ex-pontífice da Igreja Católica teve uma piora em seu quadro de saúde, que já era considerado delicado, nos últimos dias.

"É com pesar que informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 no Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano. Mais informações serão fornecidas o mais breve possível", escreveu o perfil de notícias do Vaticano no Twitter.

Joseph Ratzinger estava sob supervisão constante dos médicos e, recentemente, recebeu a visita de seu sucessor Papa Francisco, que chegou a pedir orações para Bento XVI. Seu pontificado durou oito anos, de 2005 até 2013, sendo marcado por várias crises, incluindo as revelações sobre abusos sexuais de religiosos contra menores de idade em vários países.

No início de 2022, ele viu seu nome envolvido em um escândalo de pedofilia na Igreja da Alemanha. Ele saiu do silêncio para pedir perdão, mas afirmou que nunca protegeu nenhum pedófilo.

Sua renúncia, anunciada em latim em 11 de fevereiro de 2013, foi uma decisão pessoal motivada pela saúde debilitada, como ele próprio afirmou em um livro de memórias publicado em 2016.

Embora nunca tenha alcançado a popularidade do carismático antecessor João Paulo II, Bento XVI é uma figura muito respeitada no mundo católico.

O arcebispo de Canterbury, chefe espiritual da Igreja anglicana, descreveu o papa emérito Bento XVI,  como “um dos maiores teólogos de seu tempo”.

Fim da coexistência de "dois papas"
Sua morte põe fim à inusitada coexistência de dois papas, ambos de batina branca: o alemão Ratzinger, um brilhante teólogo ultraconservador e pouco popular entre as multidões; e o argentino Jorge Bergoglio, um jesuíta que quis construir um papado dedicado aos pobres e aos migrantes.

Na quarta-feira (28), durante a audiência geral, Francisco pediu orações pela saúde de seu antecessor, que estava "muito doente" e a quem foi visitar em seu quarto.

Ratzinger, o primeiro papa alemão da era moderna, substituiu em 2005 o carismático João Paulo II, de quem havia sido braço direito por um quarto de século como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, o antigo Santo Ofício da Inquisição.

Seu pontificado de oito anos foi marcado por escândalos e intrigas dentro da Igreja.

Depois de renunciar, Bento XVI prometeu manter uma aposentadoria absoluta, sem fazer sombra a seu sucessor, o papa Francisco.

Esteve, no entanto, envolvido — em alguns casos, involuntariamente, segundo observadores — nas campanhas dos setores ultraconservadores que veem com maus olhos as aberturas do pontífice argentino no campo social.

E, no início de 2022, foi atingido por acusações de que teria acobertado quatro casos de pedofilia quando era arcebispo de Munique, entre 1977 e 1981.

Diante da pressão do informe alemão que o acusava de negligência na gestão desses casos de pedofilia, ele quebrou seu silêncio para pedir "perdão" e manifestar sua "profunda" vergonha.

"Em breve, enfrentarei o juiz definitivo da minha vida. Embora, olhando para trás em minha longa vida possa ter muitos motivos de temor e medo, tenho um estado de espírito alegre, porque acredito, firmemente, em que o Senhor não é apenas o juiz justo, mas também o amigo e irmão que já sofreu minhas carências e é, portanto, como juiz, ao mesmo tempo meu advogado", afirmou.

Com Ratzinger, "se vai uma parte da Igreja. A dos conservadores que travaram uma guerra civil contra Francisco durante os últimos dez anos, utilizando-o como bandeira. Perdem um símbolo, não podem mais dizer que o verdadeiro papa era ele e que o outro é um equívoco", disse o vaticanista Marco Politi à AFP.

Reações
O chanceler alemão, Olaf Scholz, reagiu à notícias, afirmando que, com o falecimento de Bento XVI, o mundo perde "uma figura notável", que se caracterizou por sua "personalidade combativa".

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que Ratzinger trabalhou "por um mundo mais fraterno", enquanto o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, declarou-se "triste" pela morte de um "grande teólogo".

Já o presidente russo, Vladimir Putin, saudou a memória de um "defensor dos valores tradicionais cristãos", dos quais disse ser, igualmente, apóstolo.

“Bento XVI foi uma eminente figura religiosa e de Estado, um defensor convicto dos valores tradicionais cristão”, escreveu Putin em uma mensagem de condolências ao papa Francisco, transmitida pelo Kremlin.

"Eu sempre terei boas lembranças dele", acrescentou.

Na mesma linha, o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo, descreveu Bento XVI como um "eminente teólogo" e um defensor dos "valores tradicionais".

“A autoridade incontestável de Bento XVI como eminente teólogo permitiu-lhe contribuir de maneira significativa para o desenvolvimento da cooperação intercristã, para o testemunho de Cristo ante um mundo secularizado e para a defesa dos valores morais tradicionais”, disse o patriarca em um comunicado.

O arcebispo de Canterbury, chefe espiritual da Igreja anglicana, descreveu o papa emérito como “um dos maiores teólogos de seu tempo”.

“O papa Bento XVI foi um dos maiores teólogos do seu tempo, apegado à fé da Igreja e fiel à sua defesa. Em tudo, e especialmente em seus escritos e pregações, olhava para Jesus Cristo, imagem do Deus invisível. Cristo era, claramente, a raiz de seu pensamento e o fundamento de sua oração", disse o arcebispo Justin Welby, em um comunicado.

Nas palavras do presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, Bento XVI foi um "um grande teólogo dedicado ao serviço do próximo, da justiça e da paz".

"Minhas mais sentidas condolências à Igreja Católica pelo falecimento de Sua Santidade Bento XVI", tuitou Sánchez.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, elogiou o papa emérito por seu "compromisso com a não-violência e a paz".

"Ofereço minhas mais profundas condolências aos católicos e àqueles, no mundo, que se sentiram inspirados por sua vida de oração e seu firme compromisso com a não-violência e a paz", disse Guterres em uma nota.

Para a chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, o ex-pontífice foi "um gigante da Fé e da Razão", assim como "um grande homem da História que a História não esquecerá".

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