Morte após hidrolipo: médico que fez procedimento em comerciante tem dez anotações criminais
Duas das queixas registradas são de casos semelhantes ao que resultou na morte de Rosimery de Freitas Dario, de 50 anos
O médico responsável pela hidrolipo na comerciante Rosimery de Freitas, que morreu 24 horas após passar pelo procedimento estético, possui dez anotações criminais registradas, entre as quais lesão corporal, ameaça e exercício ilegal da profissão.
Duas das queixas registradas são de casos semelhantes ao que resultou na morte da comerciante. Em 2018 e em 2019, duas mulheres passaram pelo mesmo procedimento e tiveram problemas, como inchaço e dores. Na época, elas alegaram que procuraram Ronald Renti da Rocha, que teria se negado a prestar socorro às duas.
A Polícia Civil deve convocar essas duas pacientes para prestarem depoimento no inquérito aberto para apurar as causas da morte de Rosimery. Nessa terça-feira (25) à noite, agentes periciaram a clínica onde Rosimery morreu, que fica no Centro de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Os responsáveis pela investigação aguardam o resultado do laudo que indicará se o local tinha condições para a realização dos procedimentos.
Ronald Renti da Rocha depôs na terça-feira. Após tentar reanimar sem sucesso a comerciante na clínica e comunicar o falecimento, ele pediu que parentes aguardassem que iria chamar o Samu e fugiu do local. Após estranhar a demora, o marido da comerciante, Alcimar Dario, resolveu ir até a delegacia prestar queixa e encontrou o médico com dois advogados.
— Ele matou a minha mãe e fugiu. Eu entrei em desespero e perguntei se ele havia matado a minha mãe. Ele disse que sim, pediu para a gente aguardar a ambulância e saiu. Meu pai viu que o socorro estava demorando e, ao olharmos a injeção que ele aplicou na minha mãe, constatamos que estava fora da validade. Meu pai então me pediu força e disse que iria para a delegacia. Chegando lá, o médico já estava com dois advogados. Eu fiquei na clínica abraçada com a minha mãe morta das 13h às 19h40 — disse Larissa de Freitas, filha da vítima.
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Em seu depoimento, Ronald Renti da Rocha disse Rosimery teve alta de sua clínica no mesmo dia da cirurgia, na última segunda-feira (24) e que foi orientada a retornar no dia seguinte. Ele disse que na terça, a comerciante já chegou morta ao local e ele ainda tentou fazer manobras de reanimação em vão. A família nega essa versão e afirma que ela chegou com vida à clínica.
— Minha mãe chegou com vida à clínica. Eu, meu pai e nossa prima a socorremos e a levamos para lá. Ela morreu por que não teve um socorro adequado, lá não tinha equipamentos, não tinha nada — completou Larissa.
O Conselho Regional de Medicina confirmou que Ronald Renti da Rocha possui registro junto ao órgão. Uma sindicância foi aberta nesta quarta-feira para apurar o caso.