Morte de estudante de Ayotzinapa foi abuso de autoridade, diz López Obrador
Yanqui Rothan Gómez, de 23 anos, ocorreu um dia depois que manifestantes que exigiam justiça pelo desaparecimento de 43 estudantes
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse nesta segunda-feira (11) que a morte de um estudante da escola normal de Ayotzinapa em um incidente com a polícia foi um caso de abuso de autoridade, e que não haverá proteção aos responsáveis pelo crime.
O incidente, ocorrido na quinta-feira, foi reportado por autoridades de segurança do estado de Guerrero (sul) como uma "agressão" com "disparos de arma de fogo" por parte de dois estudantes que viajavam em uma caminhonete roubada que, ao ser repelida por policiais, acabou com a morte de um dos jovens e a detenção do outro, que também ficou ferido.
"Houve um abuso de autoridade [...]. O jovem não atirou", afirmou López Obrador durante sua coletiva de imprensa matinal, na qual reiterou que a investigação é conduzida pela Procuradoria-Geral mexicana, que assumiu o caso da jurisdição estadual a pedido do governo.
"Não vamos permitir nenhuma ingerência, tentação de querer proteger os responsáveis", acrescentou o mandatário, que detalhou que os policiais que participaram da agressão já se encontram detidos em Guerrero.
O assassinato do estudante Yanqui Rothan Gómez, de 23 anos, ocorreu um dia depois que manifestantes que exigiam justiça pelo desaparecimento de 43 estudantes da escola de Ayotzinapa em 2014 derrubaram uma porta do palácio presidencial na Cidade do México, quando López Obrador oferecia sua entrevista coletiva diária.
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Os encapuzados, que utilizaram uma caminhonete para investir contra o recinto presidencial, não passaram do hall de entrada do lugar.
O protesto exigia que os pais dos desaparecidos fossem recebidos por López Obrador.
Segundo as investigações, o desaparecimento dos 43 estudantes, ocorrido na cidade de Iguala (Guerrero) e cometido por criminosos em conluio com policiais, foi possível devido à ação e omissão em suas funções de diversas autoridades, assim como de membros do Exército mexicano.
O caso é considerado uma das piores violações de direitos humanos cometidas no México, que acumula cerca de 450.000 assassinatos e mais de 100.000 desaparecidos desde 2006, atribuídos majoritariamente ao crime organizado.