Morte de médica da Marinha: morro de onde teria partido tiro também é usado por quadrilha
Segundo polícia, bandos costumam sair do Complexo do Lins para fazer assaltos em bairros como Barra da Tijuca, na Zona Oeste, e Méier, na Zona Norte
Ponto de onde teria partido o tiro que tirou a vida, na terça-feira, da médica da Marinha do Brasil Gisele Mendes de Souza e Mello, de 55 anos, capitã de Mar e Guerra, atingida por uma bala perdida dentro do Hospital Naval Marcílio Dias, a comunidade Nossa Senhora da Guia, mais conhecida como Morro do Gambá, no Lins de Vasconcelos tem territórios controlados pela facção criminosa Comando Vermelho. (CV).
Segundo a polícia, o local é usado como base por quadrilhas que costumam roubar veículos nos bairros da Barra da Tijuca, Jacarepaguá, na Zona Oeste, e no Méier, na Zona Norte.
Segundo as investigações, os bandos praticam os roubos para clonar veículos ou para fazer o desmanche e a revenda de peças. O lucro obtido com os negócios irregulares abasteceria a caixinha do CV.
O dinheiro é usado na compra de armamento, munição e ainda como pagamento de mesada para parentes de presos e dos chefes da facção. Segundo os investigadores, o tráfico do Morro do Gambá, e dos Morros da Cachoeirinha e Cachoeira Grande, que ao lado de outras comunidades integram o Complexo do Lins, é chefiado pelo traficante Luiz Cláudio Machado, o Marreta, atualmente preso no Complexo do Gericinó .
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Um pedido de transferência de Marreta para um presídio federal, feito pela Polícia Civil, está sendo apreciado pela Justiça. A atuação das quadrilhas que partem do Morro do Gambá para roubar carros na Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Méier, teria influenciado na elevação dos índices dese tipo de crime nos três bairros.
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, entre janeiro e outubro de 2024, comparando com o mesmo período do ano passado, o roubo de veículos aumentou 51% na área da 23ª DP (Méier). Já na circunscrição da 16ª DP (Barra da Tijuca), a elevação foi 19%, enquanto na área da 32ª DP (Jacarepaguá), houve aumento de 17% nos dez primeiros meses do ano, na comparação com o mesmo recorte de 2023.
O Hospital Marcílio Dias, onde a militar foi atingida por uma bala perdida, no auditório do prédio anexo, é cercado pelo complexo de favelas do Lins. No momento em que a militar foi atingida, ocorria uma operação policial na região.
O tiro entrou por uma janela e feriu a médica na cabeça. Especializada em geriatria e formada em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio (Unirio), ela foi socorrida e operada na própria unidade de saúde onde trabalhava, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Dados preliminares de uma perícia, feita no hospital, apontam que o disparo responsável pela morte da oficial veio do Morro do Gambá e teria sido disparado de cima para baixo. Uma das hipóteses investigadas é a de que tiro teria como alvo um blindado da PM que passava por um dos acessos da comunidade.
A morte da capitã de Mar e Guerra é investigada pela Delegacia de Homicídios da Capital(DHC).