Mortes por Covid-19 no Brasil superam as causadas pela gripe espanhola
Entre 1918 e 1920, 35 mil pessoas morreram no País, incluindo o então presidente da República eleito, Rodrigues Alves
Com a confirmação de 35.026 mortes por Covid-19 no Brasil, segundo boletim do Ministério da Saúde dessa sexta-feira (5), o número ultrapassou o de óbitos causados pela gripe espanhola, há um século. Entre 1918 e 1920, 35 mil pessoas morreram no País, incluindo o então presidente da República eleito, Rodrigues Alves.
A pandemia de gripe espanhola é considerada “a mãe das pandemias” por ter matado mais de 50 milhões de pessoas ao redor do globo, cuja população era de 2 bilhões, com uma letalidade de 2,7%. Em números absolutos, a pandemia do novo coronavírus já pode ser considerada a mais mortal da história do Brasil. Na época da gripe espanhola, a população do País era de pouco mais de 28 milhões de habitantes. Hoje, são mais de 210 milhões.
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Com os 35 mil mortos, o Brasil não foi dos países mais atingidos pela pandemia de gripe espanhola, que deixou de 12 a 17 milhões de mortos na Índia, mais 1 milhão na China e cerca de 600 mil nos Estados Unidos. Estima-se que a doença matou mais gente que nas duas Guerras Mundiais ocorridas no século 20 e mais que a Aids em 40 anos.
De acordo com a Biblioteca Nacional dos Estados Unidos, pelo menos um terço dos habitantes do planeta, algo em torno de 500 milhões de pessoas foram infectados pelo vírus H1N1, causador da gripe espanhola.
Agora, com a Covid-19, no entanto, o País é o atual epicentro da pandemia, com mais de 1 mil mortes a cada dia. O Brasil ocupa o segundo lugar no total de casos, atrás apenas dos Estados Unidos e o terceiro em mortes, com os EUA em primeiro e o Reino Unido em segundo. Em todo o mundo, o novo coronavírus já causou até este sábado (6) pelo menos 394 mil mortes.
Pandemia de gripe espanhola devastou o País no início do século 20 - Foto: Biblioteca Nacional Digital/Agência Senado
Gripe espanhola
A epidemia de gripe espanhola, a partir de 1918, foi o surto de gripe mais grave do século 20. A doença era transmitida de pessoa para pessoa por meio de secreções respiratórias. A gripe foi causada por um subtipo H1N1 do vírus Influenza.
Estudos indicam que a epidemia começou a ser registrada nos Estados Unidos, no estado do Kansas. O primeiro surto ocorreu inicialmente em março de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial. Em julho, o vírus atingiu a Polônia. A gripe era seguida, normalmente, de uma pneumonia, que podia matar poucos dias depois do aparecimento dos sintomas da gripe.
Como a Espanha foi neutra na Primeira Guerra Mundial, a imprensa local – que não estava sob censura em razão do conflito – noticiava normalmente as ocorrências relativas à pandemia no país. Nos demais países que participavam do conflito, o tema era censurado nos jornais. Dessa forma, ilusoriamente, a Espanha registrava maior número de casos da doença, que acabou sendo batizada com o nome do país europeu.
No Brasil, a epidemia chegou em setembro de 1918, por meio do navio inglês Demerara, vindo de Lisboa, em Portugal. Dele, desembarcaram pessoas no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro. Em pouco mais de duas semanas, além dessas cidades, surgiram casos de gripe em outras localidades do Nordeste e em São Paulo. Estima-se que, só no Rio de Janeiro, tenham morrido 14.348 pessoas. Em São Paulo, cerca de 2 mil pessoas morreram.
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