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Moscou sedia reunião para desbloquear conflito em Nagorno-Karabakh
Disputa por região do Cáucaso já resultou em mais de 400 mortos
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Os chefes da diplomacia armênia e azerbaijana devem se reunir em Moscou nesta sexta-feira (9), a convite do presidente russo, Vladimir Putin, para tentar estabelecer um diálogo na região separatista de Nagorno-Karabakh, onde o conflito continua.
Após vários dias de intensos combates, um jornalista da AFP relatou uma noite bastante tranquila na capital do território separatista, Stepanakert, enquanto Azerbaijão e Armênia indicaram que a situação no "front" permanece tensa.
"Os disparos de artilharia continuaram em vários setores da linha de frente. O inimigo atingiu áreas povoadas com foguetes e artilharia", afirmou o centro de informações do governo armênio, que garantiu que o Exército separatista mantinha a situação sob "controle".
O Ministério da Defesa do Azerbaijão também relatou combates violentos no "front" esta manhã e durante a madrugada, alegando que havia infligido várias perdas ao inimigo. Apesar do contexto ainda belicoso, pela primeira vez desde que o enfrentamento recomeçou em 27 de setembro, Baku e Yerevan concordaram em participar de negociações mediadas pela diplomacia russa.
Vladimir Putin, que se encontrou com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, e com o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, "pede o fim dos combates em Nagorno-Karabakh por razões humanitárias, para que os corpos dos mortos e os prisioneiros possam ser trocados", de acordo com um comunicado do Kremlin divulgado na quinta-feira à noite, anunciando as negociações.
Os ministros das Relações Exteriores da Armênia e do Azerbaijão, Zohrab Mnatsakanian e Ceyhun Bayramov, respectivamente, confirmaram nesta sexta-feira que viajarão para Moscou, disse a diplomacia russa à AFP, acrescentando que "os preparativos estão em andamento". A Armênia informou que seu ministro deve chegar a Moscou na parte da tarde.
Primeira mediação
Até o momento, os beligerantes ignoraram os vários pedidos de trégua da comunidade internacional. Desde 27 de setembro, esta região montanhosa do Cáucaso tem sido palco de violentos confrontos entre os separatistas armênios da autoproclamada república de Nagorno-Karabakh e as forças do Azerbaijão.
Na manhã desta sexta-feira, o número de mortos era de mais de 400, incluindo 22 civis armênios e 31 azerbaijanos. Trata-se de um balanço parcial, uma vez que o Azerbaijão não anuncia suas perdas militares e ambos os lados afirmam ter eliminado milhares de soldados inimigos.
Nos últimos dias, o conflito se intensificou com bombardeios em áreas urbanas, com os dois lados se acusando mutuamente de alvejar civis. De acordo com as autoridades separatistas, metade dos 140 mil habitantes de Nagorno-Karabakh teve de deixar suas casas por causa dos combates.
Na quinta-feira, uma icônica catedral armênia foi bombardeada duas vezes, e vários jornalistas russos ficaram feridos, um deles gravemente. O Exército do Azerbaijão negou ter atacado o prédio. Nesse mesmo dia, o chanceler do Azerbaijão esteve em Genebra para se reunir com o Grupo de Minsk da OSCE (Rússia, França, Estados Unidos), encarregado da mediação internacional deste conflito, que teve origem há mais de 30 anos. Nenhuma informação sobre o encontro foi divulgada.
O Azerbaijão está determinado a conquistar Nagorno-Karabakh, uma região separatista essencialmente povoada por armênios, e garante que apenas a retirada das tropas inimigas porá fim aos combates. Em uma região onde russos, turcos, iranianos e ocidentais têm interesses, o temor é que o conflito se internacionalize. A Turquia já foi acusada de participar do conflito, com homens e armas, apoiando o Azerbaijão.
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