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SAÚDE

Mounjaro reduz em 94% risco de diabetes entre adultos com obesidade, diz farmacêutica

Acompanhamento de três anos mostrou benefício da tirzepatida para impedir progressão de pacientes com pré-diabetes e comprovou manutenção da perda de peso

Tirzepatida (Mounjaro) proporciona redução de peso maior que a da semaglutidaTirzepatida (Mounjaro) proporciona redução de peso maior que a da semaglutida - Foto: Divulgação / Eli Lilly

A tirzepatida, medicamento usado para diabetes tipo 2 e obesidade, reduziu em 94% o risco de diabetes entre adultos com obesidade ou sobrepeso após três anos de tratamento, anunciou a farmacêutica Eli Lilly nesta terça-feira.

A substância é o princípio ativo do remédio Mounjaro, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para diabetes tipo 2, mas ainda não disponível no Brasil.

 

Nos Estados Unidos, o Mounjaro é amplamente utilizado para perda de peso. Além disso, uma versão da tirzepatida chamada de Zepbound, vendida pelo mesmo laboratório, tem a aprovação da agência reguladora americana, a Food and Drug Administration (FDA), para tratamento da obesidade.

No Brasil, a Eli Lilly submeteu à Anvisa um pedido para ampliar a indicação terapêutica da tirzepatida também para a obesidade em setembro do ano passado, mas a agência ainda não terminou a análise.

Os resultados anunciados nesta terça são referentes ao estudo SURMOUNT-1, que comparou o uso da tirzepatida entre adultos sem diabetes, mas com obesidade ou com sobrepeso e uma comorbidade associada a ele. Inicialmente, os voluntários foram acompanhados por um período de 72 semanas, cerca de um ano e meio.

Ao fim da análise inicial, aqueles que usavam a maior dosagem da injeção semanal, de 15 mg, perderam 20,9% do peso, enquanto o grupo placebo teve uma redução de apenas 3,1%. Os resultados foram publicados na revista científica The New England Journal of Medicine.

Porém, 1.032 participantes que tinham pré-diabetes – um estágio anterior à diabetes tipo 2, em que os níveis de glicose no sangue já estão mais elevados que o normal – permaneceram no estudo e foram acompanhados por mais 104 semanas, totalizando 176 semanas, pouco mais de três anos.

No final, o tratamento levou à redução significativa de 94% na progressão para a diabetes tipo 2 entre aqueles que faziam uso da tirzepatida, em comparação com os que recebiam placebo. Além disso, aqueles em uso das injeções de 15 mg mantiveram a perda de peso, chegando a 22,9% de redução em relação ao início do estudo.

Para Jeff Emmick, vice-presidente sênior de desenvolvimento de produtos da Eli Lilly, a redução no risco da diabetes e a perda de peso sustentada são “dados que reforçam os benefícios clínicos potenciais da terapia de longo prazo para pessoas que vivem com obesidade e pré-diabetes”.

A extensão do estudo SURMOUNT-1 envolveu ainda uma análise dos participantes por um período de 17 semanas, cerca de quatro meses, após as 176 semanas. Nesse tempo, aqueles que interromperam o tratamento recuperaram parte do peso perdido, e alguns progrediram para diabetes tipo 2, levando a eficácia geral da intervenção a cair de 94% para 88%.

Em relação à segurança, a farmacêutica disse que o medicamento foi bem tolerado e que os efeitos colaterais mais frequentes foram gastrointestinais, como diarreia, náuseas, constipação e vômito, mas de intensidade leve a moderada.

O que é a tirzepatida?
A tirzepatida é um remédio que faz parte dos análogos de GLP-1, mesma classe terapêutica da semaglutida, do Ozempic e do Wegovy. Eles simulam a ação do hormônio Peptídeo 1 Semelhante ao Glucagon (GLP-1) no corpo humano.

No pâncreas, essa interação aumenta a produção de insulina. No estômago, reduz a velocidade da digestão da comida e, no cérebro, ativa a sensação de saciedade. Por isso, a pessoa sente menos fome e perde peso.

No entanto, a semaglutida reproduz apenas a ação do GLP-1, enquanto a tirzepatida é chamada de duplo agonista por simular também um outro hormônio intestinal chamado Polipeptídeo Inibitório Gástrico (GIP). Isso tem levado a maiores eficácias no emagrecimento.

Há testes ainda da Eli Lilly com um triplo agonista, que simula o GLP-1, o GIP e também outro chamado GCG. Ainda nos estudos de fase 2, a injeção levou a uma perda de até 24,2% após 48 semanas.

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