Movimento libanês Hezbollah ameaça realizar ataques em "todo" Israel
O movimento pró-iraniano indicou nesta terça-feira que lançou foguetes contra várias regiões do norte de Israel
O movimento libanês Hezbollah ameaçou, nesta terça-feira (15), realizar ataques em "todo" Israel, enquanto o país governado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu intensifica os bombardeios contra redutos deste grupo aliado do Irã e outros pontos do Líbano.
Em um discurso, o número dois do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou que "a solução" para encerrar a guerra no Líbano é "um cessar-fogo" e assegurou que seu movimento não será "derrotado".
"Uma vez que o inimigo israelense apontou contra todo o Líbano, temos o direito, a partir de uma posição defensiva, de apontar contra qualquer lugar" de Israel, "seja no centro, no norte ou no sul", afirmou Qassem.
Leia também
• "Israel não pode ditar o destino de uma missão que a comunidade internacional deseja", diz porta-voz
• Netanyahu diz que vitória na guerra de 1948 criou Israel, e não a ONU
• Hezbollah afirma que lançou "série de foguetes" contra Safed, no norte de Israel
O movimento pró-iraniano indicou nesta terça-feira que lançou foguetes contra várias regiões do norte de Israel, incluindo Haifa e Safed, e relatou combates com soldados “infiltrados” no sul do Líbano.
O Hezbollah também disse ter disparado mísseis contra “três escavadeiras e um tanque” do Exército israelense, que pegaram fogo, perto de um vilarejo no sul do Líbano.
Após quase um ano de troca de disparos com o Hezbollah na fronteira com o Líbano e depois de debilitar o Hamas na Faixa de Gaza, o Exército israelense focou, em meados de setembro, na guerra no Líbano, onde intensificou seus ataques contra redutos do movimento xiita.
O objetivo é afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças entre Líbano e Israel e acabar com o lançamento de foguetes para que cerca de 60.000 israelenses deslocados possam retornar para casa.
Israel iniciou em 23 de setembro uma intensa campanha de bombardeios aéreos contra redutos do movimento pró-iraniano e lançou uma ofensiva terrestre no sul do país vizinho uma semana depois.
No total, os bombardeios israelenses de segunda-feira no Líbano causaram 41 mortos e 124 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.
Desde 23 de setembro, pelo menos 1.356 pessoas morreram no Líbano, segundo um levantamento com base em números oficiais. A ONU também reporta quase 700.000 deslocados
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, declarou nesta terça-feira à AFP que Israel está realizando "breves incursões" no sul de seu país e acrescentou que o Líbano está disposto a reforçar as tropas nesta região, caso ocorra "um cessar-fogo".
Já Netanyahu disse que se opunha a um “cessar-fogo unilateral, que não mudaria a situação de segurança no Líbano”, durante uma conversa por telefone com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Combatentes do Hezbollah capturados
O Exército israelense lançou nesta terça-feira vários ataques no sul do Líbano e na região do Bekaa (leste), onde um hospital na cidade de Baalbeck ficou inoperante, segundo a agência oficial de notícias libanesa ANI.
"Foi uma noite violenta em Baalbeck, não vivíamos uma como esta desde a guerra de 2006" entre Israel e Hezbollah, disse Nidal al Solh, de 50 anos.
A ONU pediu, por sua vez, que seja investigado um bombardeio israelense ocorrido na segunda-feira no vilarejo cristão de Aito, no norte do Líbano, que deixou 22 mortos, incluindo 12 mulheres e duas crianças, segundo números da entidade.
No sul do país, a força de manutenção da paz da ONU, Unifil, decidiu manter suas posições, apesar dos disparos do Exército israelense e de um pedido de Netanyahu para que evacuasse a área.
Enquanto continuam a guerra contra o Hezbollah no Líbano e contra o Hamas na Faixa de Gaza, os israelenses seguem preparando uma resposta ao ataque do Irã em 1º de outubro, quando a República Islâmica lançou cerca de 200 mísseis contra Israel.
Netanyahu afirmou, nesta terça-feira, que seu país decidirá sozinho quais serão os alvos de um eventual ataque contra o Irã, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, instá-lo a não atacar instalações petrolíferas ou nucleares.
"Escutamos as opiniões dos Estados Unidos, mas tomaremos nossas decisões finais com base em nosso interesse nacional", declarou Netanyahu.
"Emergência permanente"
As tropas israelenses realizam uma ofensiva no norte da Faixa de Gaza, especialmente em Jabaliya, onde, segundo afirmam, o movimento islamista tenta reconstituir suas forças.
Um jornalista da AFP viu nesta terça-feira adultos e crianças deixando seu bairro, carregando seus pertences em carros e carroças puxadas por burros, de bicicleta ou a pé.
"Toda a área foi reduzida a cinzas", lamentou Rana Abdel Majid, de 38 anos e oriunda de Al Faluya, perto de Jabaliya. "Se o cerco durar mais dois dias, morreremos de fome", acrescentou.
O diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas para os Territórios Palestinos, Antoine Renard, alertou que há uma "situação de emergência permanente", principalmente no norte da Faixa, cujos habitantes "dependem exclusivamente da ajuda humanitária".
Diante dessa situação, Washington advertiu Israel que poderia reter parte da assistência ao seu aliado devido à falta de melhora da ajuda humanitária no território palestino.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 matou 1.206 pessoas em Israel, na sua maioria civis, segundo um levantamento baseado em números oficiais israelenses, incluindo os reféns que morreram em cativeiro em Gaza.
Pelo menos 42.344 palestinos morreram, na sua maioria civis, na ofensiva de retaliação israelense em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.