MP da Colômbia investiga ameaças de morte contra filha de presidente Petro
Supostos responsáveis pelas publicações em redes sociais foram intimados a depor; 'espero que te matem' diz mensagem enviada a Andrea Petro
O Ministério Público da Colômbia anunciou, nesta quinta-feira, que abriu investigação sobre ameaças de morte enviadas pelas redes sociais a Andrea Petro, filha do presidente Gustavo Petro, e a um integrante do governo. O MP intimou supostos responsáveis a depor “nos próximos dias”.
"Espero que te matem", dizia uma mensagem recebida por Andrea Petro, de acordo com uma captura de tela que o presidente publicou na terça-feira na rede social X (ex-Twitter).
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"Eu pediria ao procurador-geral que use técnicas de informática forense para identificar a pessoa real que está enviando essas mensagens de morte para minha filha", escreveu Petro.
Em comunicado, o MP afirmou que "identificou e individualizou os supostos responsáveis por atos intimidatórios" contra a filha do presidente e Daniel Rojas, diretor da Sociedade de Ativos Especiais, encarregada de administrar os bens confiscados do narcotráfico. O MP afirmou que, em ambos os casos, os suspeitos foram convocados para interrogatório "nos próximos dias", sem especificar as datas.
Rojas, que é muito próximo à Petro, revelou na quarta-feira ter recebido um comentário no X fazendo referência a assassinatos políticos cometidos no passado por paramilitares colombianos. Minutos depois, o presidente colombiano usou a mesma rede social para defender a abertura de processo e investigação do caso pelo MP, que vem se posicionando em clara oposição ao governo. A entidade respondeu rapidamente e, nesta quinta, anunciou ter localizado e intimado os supostos autores das ameaças.
'Paz total'
Andrea Petro, de 32 anos, é a filha mais velha do presidente colombiano e mora na França. Em entrevista à Blu Radio francesa, ela afirmou que o cyberbullying e as ameaças que recebe desde a infância estão entre os motivos pelos quais vive fora da Colômbia.
— Eu sofri com isso a minha vida inteira — desabafou, afirmando que é insultada frequentemente na rua, ao ser chamada de "guerrilheira".
Petro, ex-senador e ex-guerrilheiro que lutou contra o Estado colombiano antes de assinar a paz em 1990, já expressou preocupação inúmeras vezes com sua segurança e a de sua família. O líder de esquerda chegou ao poder com um discurso que elevava à prioridade máxima a pacificação do país. Na posse, anunciou um plano de “paz total”, que vem se mostrando muito mais difícil de alcançar do que esperava o ex-guerrilheiro.
Em junho, o governo colombiano comemorou o pacto inédito com o Exército de Libertação Nacional (ELN) para um cessar-fogo temporário de seis meses. Apesar das conversas avançarem, incluindo uma nova rodada de negociações encerrada esta semana na Venezuela, os confrontos não param. Na segunda-feira, enfrentamentos entre o ELN e o Estado-Maior Central (EMC), principal dissidência do acordo de paz que desarmou a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 2017 deixaram ao menos nove mortos. Cinco pessoas também ficaram feridas, incluindo um menor indígena de 14 anos, informou o governador do departamento de Arauca.
Na Colômbia, um país marcado por um conflito de mais de seis décadas, o espectro do assassinato de líderes políticos paira sobre o governo. Em janeiro, a vice-presidente Francia Márquez denunciou que havia um plano de assassinato contra ela. Em 2019, antes de assumir o cargo, Márquez foi alvo de ataques com granadas e tiros de fuzil pela atuação como ativista ambiental no departamento de Cauca. (Com AFP e El País)