Rio de Janeiro

MPF é contra pedido de revogação de prisão de filho de Sérgio Cabral

Procuradores afirmam que José Eduardo, além de promover festa de suspeito de comandar quadrilha de comércio de cigarro ilegal, organizava os seguranças de organização criminosa

Filho de Sério Cabral, José Eduardo Neves CabralFilho de Sério Cabral, José Eduardo Neves Cabral - Foto: Reprodução/Internet

O Ministério Público Federal deu parecer contra a revogação da prisão preventiva do filho do ex-governador Sérgio Cabral e de outros 11 presos na Operação Smoke Free. Na manifestação, enviada à 3ª Vara Federal Criminal nesta quarta-feira, os procuradores ressaltam que José Eduardo Neves Cabral, além de organizar festa de Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, apontado como chefe de quadrilha de comércio de cigarro ilegal, assumiu também papel de organizador dos seguranças de organização criminosa.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, José Cabral “recebeu valores oriundos dos crimes perpetrados” e efetuou gastos no montante de R$ 3.403.827,79 para organizar a festa de 50 anos de Adilsinho, no Copacabana Palace. A relação entre os dois teria começado justamente em maio de 2021, quando a empresa ZC Entretenimento, do filho do ex-governador, foi contratada para promover o evento.

Na ocasião, os convidados receberam um convite em forma de vídeo com a trilha sonora do filme “O Poderoso Chefão”, assistiram apresentações de cantores como Gusttavo Lima, Ludmilla, Alexandre Pires e Mumuzinho. O evento rendeu uma multa no valor de R$ 15.466,81 e interdição por dez dias ao hotel após a Vigilância Sanitária avaliar como "gravíssimas" as infrações das medidas de combate à Covid-19. 

“O relatório policial, após descrever tratativas acerca do número de convidados confirmados e do traje a ser utilizado no evento, revela que José Cabral declara fidelidade absoluta a Adilson Couto, dizendo-se ‘fã’ e ‘soldado’ deste último, colocando-se à disposição, sempre que necessário. Ora, José Cabral sabia que não estava falando com qualquer pessoa, pois estava organizando uma festa em ‘estilo mafioso’ para um criminoso contumaz. Ainda assim, jurou fidelidade e se coloca à disposição de Adilson”, destaca o MPF.

Segundo a representação por medida cautelar de prisão preventiva, busca e apreensão e sequestro de bens da PF, desde 2019, José Eduardo seria o responsável por realizar pagamentos a seguranças e policiais militares para transportarem valores provenientes da atividade ilícita. O empresário teria ainda deixado de recolher o tributo incidente e cobrado sobre a fabricação e comercialização de cigarros e determinado ao escalão de segurança extorquir, ameaçar e constranger comerciantes a vender a mercadoria.

“Vale ressaltar que a relação entre Adilson Coutinho e José Cabral não se limitou a malsinada festa. O seguinte trecho do relatório policial demonstra que José Cabral assumiu o papel de verdadeiro administrador dos seguranças da organização criminosa, tanto que o interlocutor solicita que José Cabral confira a tabela de remuneração e alerta que parte dos pagamentos havia sido feita pela Carioca Segurança (…) Portanto, não há dúvida de que José Cabral integrava de forma efetiva a ORCRIM. Não fosse isso, nada justificaria o recebimento de planilhas acerca do pagamento de seguranças, as quais deveriam ser, por ele, conferidas, com a observação de que parte dos pagamentos já havia sido feita pela Carioca Segurança”, escrevem os procuradores.
 

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