SAÚDE

Mpox: após caso na Tailândia, saiba os 7 países que já registraram a nova cepa

Registro é o primeiro na Ásia, cerca de uma semana depois de a Suécia ter detectado o primeiro caso do Clado 1b na Europa

Mpox Mpox  - Foto: AFP

Nesta quinta-feira, o Departamento de Controle de Doenças tailandês confirmou um caso de mpox causado pelo Clado 1b, nova cepa que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a decretar emergência internacional de saúde na semana passada. Com a identificação, até agora são 7 os países que já detectaram a linhagem: República Democrática do Congo (RDC); Burundi; Quênia; Ruanda; Uganda; Suécia e Tailândia.

O registro tailandês também foi também o primeiro na Ásia. Na semana passada, a Agência Sueca de Saúde Pública confirmou o primeiro na Europa. Ambos foram de pacientes que haviam retornado de localidades da África que vivem surtos da nova cepa da mpox, embora as autoridades de saúde não tenham detalhado de qual país.

Em nota, o Departamento de Controle de Doenças da Tailândia explicou que o paciente identificado é um homem europeu que chegou ao país asiático no último dia 14. No dia seguinte, começou a apresentar sintomas compatíveis com a mpox, como febre, e precisou ser internado. Como o teste para o Clado 2, variante que circula pelo mundo, deu negativo, começou a se investigar se era a nova cepa.

 

A autoridade sanitária rastreou 43 pessoas que tiveram contato próximo com o paciente antes de sua entrada na Tailândia e tem os acompanhado. Até agora nenhum apresentou sintomas, mas, devido ao tempo de incubação do vírus -- período entre a contaminação e a manifestação da doença --, eles serão monitorados por 21 dias.

O diretor-geral do departamento, Thongchai Keeratiyathayakorn, disse que o novo caso será relatado à OMS e afirmou que todos os postos de controle de doenças contagiosas e quarentena da Tailândia, especialmente o do Aeroporto Internacional de Suvarnabhumi, o maior do país, "devem intensificar as medidas para monitorar viajantes provenientes de países afetados pela epidemia".

Os postos são parte de medidas de triagem já adotadas pela Tailândia para viajantes provenientes de 42 países afetados pela febre amarela. Eles têm a temperatura corporal medida, os sintomas questionados e a presença de erupções cutâneas observada. "Se os sintomas forem compatíveis com a mpox, o viajante será isolado, terá seu histórico médico coletado, passará por exames adicionais e terá amostras coletadas para envio ao laboratório do posto de controle de doenças contagiosas internacional", diz o departamento.

Casos na Europa e na África
Na semana passada, a Agência Sueca de Saúde Pública afirmou ter detectado um caso do Clado 1b, o primeiro fora da África. Magnus Gisslén, epidemiologista da agência, disse que o paciente foi infectado enquanto esteve numa região do continente africano onde “há um grande surto do Clado 1 da mpox”. Ele buscou atendimento na região da capital da Suécia, Estocolmo.

“Esse caso, por si só, não exige medidas adicionais de controle de infecção, mas levamos muito a sério o surto de mpox do Clado 1. Estamos o monitorando de perto e preparados para tomar medidas de controle da infecção, como rastreamento, testes e regras de conduta”, continuou Gisslén em nota.

Antes da Tailândia e da Suécia, o Clado 1b foi detectado em cinco países africanos. O primeiro, onde a cepa foi descoberta, é a República Democrática do Congo (RDC), que vive hoje um surto de mpox com mais de 500 mortos e mais casos do que todo o ano passado. A variante se dissemina principalmente na região Leste do país, que não tinha tantos registros da infecção.

Além disso, o Clado 1b se espalhou para quatro países vizinhos da RDC, que até então nunca haviam relatado casos de mpox: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda. Segundo a última atualização da OMS, as quatro nações haviam identificado mais de 100 diagnósticos da doença pela nova cepa.

O que é a nova cepa da mpox?
A mpox não é uma doença nova, ela é uma infecção viral semelhante à varíola humana e endêmica em determinados países da África Central e Ocidental. O vírus circula principalmente em animais, por isso não foi erradicado junto à varíola humana. O contágio ocorre por contato próximo a esses animais ou entre pessoas contaminadas.

O vírus é dividido em duas linhagens, chamadas de Clado 1 e Clado 2. A 1 é conhecida por ser mais grave, com uma letalidade de até 10%, e predominante na região central do continente, na área da República Democrática do Congo (RDC). Já o Clado 2 é menos mortal, com uma taxa de cerca de 1% de letalidade, e circula mais pela região Ocidental, na área da Nigéria.

Em 2022, a mpox se propagou pela primeira vez para fora do continente africano, quando houve o surto mundial que levou a OMS a declarar emergência. Na época, a disseminação foi provocada por uma nova versão do Clado 2, nomeada de Clado 2b, que adquiriu a capacidade de ser transmitida via relações sexuais.

Essa variante continua a circular pelo mundo, embora os casos globais tenham diminuído desde então. No Brasil, por exemplo, 709 casos foram registrados em 2024, segundo o Ministério da Saúde.

O temor, agora, é que o Clado 1b, que descende da cepa mais letal e que se acredita ter surgido em setembro do ano passado na RDC, também aparenta ter desenvolvido a capacidade de ser transmitido por via sexual. Segundo a OMS, esse tem sido o principal meio de contágio no novo surto.

A mpox tem início com sintomas comuns de uma infecção viral, como febre e dores no corpo, que podem surgir até 21 dias depois da contaminação. Em seguida, até uma semana depois, começam as bolhas características da doença, que podem durar até quatro semanas. Existem antivirais e vacinas, inicialmente desenvolvidos para a varíola humana, mas que oferecem uma proteção cruzada.

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