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SAÚDE

Mpox: governo negocia compra de 25 mil doses e aciona Anvisa para uso de vacinas no estoque

Ministério da Saúde articula compra com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)

Monitoramento de novos casos de Mpox se intensifica Monitoramento de novos casos de Mpox se intensifica  - Foto: SES/Divulgação

O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira que está negociando com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) uma compra de 25 mil doses da vacina contra Mpox diante da nova emergência internacional.

Além disso, a pasta pediu para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prorrogar a autorização de uso das vacinas adquiridas em 2022. A liberação deste lote já em estoque iria até o final de agosto.

O lote deve ser prorrogado por mais 180 dias. O ministério não informou a quantidade de vacinas ainda disponíveis no país.

— Ainda não há nenhum caso da nova cepa de mpox no Brasil. Temos circulação de vírus, sim, mas da cepa 2, que está concentrada entre homens, sendo 98% com HIV — afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

 

A ministra explicou que, nas configurações da emergência instalada na OMS, o Brasil se encontra no nível um da emergência — o menos alarmante. O último óbito no Brasil foi em 17/04/23, antes da declaração de emergência. A prevalência ocorre entre homens, que representam 85,9% dos casos. De todos os casos, 42,2% ocorrem em pessoas do sexo masculino com HIV.

A liberação do uso da vacina contra Mpox no Brasil, estendida pela Anvisa em fevereiro deste ano, vai até o final de agosto. Os imunizantes fazem parte de um lote de cerca de 50 mil doses adquiridas pelo Ministério da Saúde no final de 2022, durante a gestão Bolsonaro. À época, as vacinas desembarcaram no Brasil sem uma estratégia definida.

As doses da vacina Jynneos, produzido pelo laboratório dinamarquês Bavarian Nordic, passaram a ser utilizados em uma campanha de vacinação para público específico em março de 2023. Contudo, conforme o Globo mostrou, um ano após a compra, em novembro do ano passado, menos da metade das doses haviam sido aplicadas devido à baixa procura e 30 mil vacinas estavam encalhadas.

Os imunizantes foram comprados quando o Brasil figurava como o segundo país no mundo com mais casos de infecção do vírus. A autorização da Anvisa, que permite a aplicação "em caráter excepcional e temporário" dispensando o registro sanitário, chegou a ser estendida por três vezes a pedido do Ministério da Saúde.

A última vez aconteceu em 25 de fevereiro, autorizando o uso por mais 180 dias. Questionada pelo GLOBO, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 14, que as vacinas "inicialmente estavam dimensionadas para o esforço de pesquisa, uma preparação para uma emergência".

Em meio aos novos casos globais de Mpox, que fizeram a organização Mundial da Saúde (OMS) declarar emergência de saúde pública de importância nacional pela doença, a ministra afirmou que o Centro de Operações de Emergência (COE) irá analisar a necessidade de vacina. Ela não respondeu, contudo, quantas doses da Jynneos ainda estão disponíveis.

— Já tivemos reunião com especialistas há duas semanas e vamos analisar questões como vacina. Não há motivo de alarme, mas sim de alerta — disse Trindade. — Certamente não será uma vacinação em massa, caso se faça necessário.

A OMS decidiu pela emergência diante do avanço da doença em países africanos e a identificação de uma nova cepa do vírus.

A OMS ainda emitiu um documento oficial em que convidou os fabricantes de vacinas contra o mpox a enviaram uma Expressão de Interesse para a Listagem de Uso Emergencial (EUL, da sigla em inglês), ou seja, a submeterem as doses para aprovação de uso em caráter de emergência.

Vacinação para pessoas com HIV
No ano passado, o público-alvo da campanha de vacinação contra Mpox eram pessoas com HIV — homens cisgêneros (que se identificam com o sexo biológico), travestis e mulheres transexuais — com mais de 18 anos, profissionais que atuam nos laboratórios em contato com o vírus e pessoas pré-expostas ao vírus — que tiveram contato íntimo com um paciente infectado.

A estratégia era priorizar a proteção das pessoas com maior risco de contaminação e evolução para as formas graves da doença. O plano do ministério era aplicar um esquema vacinal de duas doses em cerca de 16 mil pessoas, o que utilizaria 32 mil vacinas.

No final de 2023, o ministério afirmou que a baixa procura se justificava pela redução de casos no país e restrição do público-alvo. Além disso, a demanda dos estados pela vacina não seria grande.

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