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SAÚDE

Mpox: qual a letalidade da nova cepa?

Preocupação das autoridades de saúde frente ao novo avanço da doença é principalmente pela versão do vírus que se dissemina agora ser até 10 vezes mais mortal

Vírus da mpox (verde) infectando células (em magenta)Vírus da mpox (verde) infectando células (em magenta) - Foto: NIAID

Nesta semana, a Organização da Saúde (OMS) decretou novamente emergência de saúde pública de importância internacional (ESPII) pela mpox após o avanço da doença em países africanos e a identificação de uma nova cepa mais grave e transmissível do vírus.

Até o momento, cinco países no continente e a Suécia, na Europa, já identificaram casos da linhagem.

A mpox é uma infecção viral endêmica em alguns países da África Central e Ocidental e semelhante à varíola humana erradicada em 1980. Em 2022, a doença foi registrada pela primeira vez fora da África, causando a disseminação global que levou a OMS a decretar emergência na época.

Embora os casos globais tenham caído desde então, a doença continuou a circular pelo mundo – no Brasil, foram mais de 700 casos em 2024, segundo o Ministério da Saúde.

 

A preocupação agora, no entanto, é porque a versão do vírus que se propaga na África e foi detectada na Europa não é a mesma daquela do surto anterior, mas sim uma mais letal.

A mpox é dividida em duas linhagens principais, o Clado 1 e o Clado 2. A cepa responsável pela emergência de 2022 foi a 2, que é mais branda. Sua maior transmissão foi associada à aquisição da capacidade de se disseminar via relações sexuais, numa mutação que recebeu o nome de Clado 2b.

No fim do ano passado, porém, a OMS identificou uma nova versão do Clado 1, linhagem cuja mortalidade é maior e que circulava principalmente na República Democrática do Congo (RDC), que também passou a se disseminar via redes de transmissão sexual. Essa nova variante foi nomeada de Clado 1b e ligada a uma explosão de casos e mortes no país neste ano.

Além disso, já provocou mais de 100 casos em quatro países vizinhos que nunca haviam lidado com infecções pela mpox, nem mesmo pela cepa anterior: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.

Qual a letalidade da nova cepa da mpox?
Mas o quão mais grave é a letalidade da nova cepa? É o que abordou um artigo publicado no site The Conversation por Raina MacIntyre, professora de Biossegurança Global no Instituto Kirby, unidade especializada no combate a agentes infecciosos da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney, na Austrália, abordou o tema.

Nele, ela explica que o Clado 2, originário do Oeste da África, “tem uma taxa de fatalidade de até 1% (em outras palavras, espera-se que aproximadamente uma em cada 100 pessoas morra dessa doença)”. Já o Clado 1, que se originou na África Central, “tem uma taxa de mortalidade de até 10% (até um em cada dez morre)”, escreveu a cientista.

Qual a letalidade da Covid?
“Isso se compara a uma taxa de fatalidade de 0,7% para a variante Ômicron do SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19", continuou. "A República Democrática do Congo está registrando grandes epidemias do mpox do clado 1, que é mais mortal”.

Ela explica ainda que, embora países pelo mundo ainda identifiquem de forma rotineira casos de mpox pelo Clado 2, a emergência anunciada esta semana é relacionada especificamente ao Clado 1b.

“Esse clado não só tem uma taxa de fatalidade mais alta, como também tem novas mutações que aumentam a disseminação entre as pessoas. Essas alterações e a falta global de imunidade ao mpox tornam a população mundial vulnerável ao vírus”, explicou.

Ela frisou que, embora a mpox seja endêmica na RDC, a doença começou a chamar a atenção no fim de 2023 após um surto em uma parte não endêmica, Kivu do Sul, aparentemente “por transmissão sexual, indicando mais de uma epidemia e diferentes modos de transmissão na RDC”.

“Em meados de 2024, já havia mais casos no país do que em todo o ano de 2023 - mais de 15.600 casos e 537 mortes. A capacidade de teste é baixa na República Democrática do Congo, a maioria dos casos não é confirmada por testes de laboratório e os dados que temos são de uma pequena amostra de sequências genômicas da região de Kamituga, no Kivu do Sul”, continuou.

Além disso, lembrou que de um modo geral os casos de mpox têm crescido de forma constante nos últimos anos: “Os surtos têm aumentado, com maior disseminação entre humanos, desde 2017. Isso se deve em parte aos níveis muito baixos de imunidade ao vírus mpox, que está relacionada ao vírus que causa a varíola. A vacinação em massa contra a varíola foi interrompida há mais de 40 anos em todo o mundo, resultando em uma imunidade mínima nas populações atuais contra o mpox”.

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