MPPE promove audiência pública para discutir medidas de combate ao feminicídio em Pernambuco
Grupo de feministas realizou cinco seminários levantando dados e informações sobre a temática em diferentes regiões
Uma audiência pública está sendo realizada na manhã desta quinta-feira (27), na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), por meio do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para discutir medidas de combate ao feminicídio no estado.
O encontro acontece com base em dados e informações trazidos por uma campanha do Levante Feminista contra o Feminicídio em Pernambuco. Entre os meses de março e abril deste ano, o coletivo realizou cinco seminários com mulheres da Zona da Mata Sul, Zona da Mata Norte, Agreste, Sertão do Pajeú e Sertão do Araripe.
Professora universitária e integrante do grupo operativo do coletivo, Lilian Conceição da Silva, de 52 anos, detalhou o processo inicial de busca por mudanças no cenário atual.
“Esse processo está sendo pedagógico desde o início. Nós procuramos o Ministério (Público de Pernambuco) para denunciar o que está acontecendo. Nós somos o segundo estado mais violento do Nordeste e esses seminários que fizemos foram enriquecedores no processo de escuta atenta e ativa”, disse.
Lilian também apontou os principais objetivos das visitas.
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“Ouvimos as mulheres em seus territórios para saber a realidade da violência em cada um. Fomos saber se os serviços existem e se funcionam ou não”, explicou.
Girassóis
Com a cor amarela predominante na campanha do Levante, os girassóis são considerados um marco da trajetória em combate ao feminicídio. A professora comentou a respeito.
“Ele se vira um para o outro na ausência do sol, e representa cada uma das mulheres que foi vítima de feminicídio, assassinada por ser mulher”, afirmou.
O que diz o MPPE
Uma das representantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) no evento foi a coordenadora do Núcleo de Apoio à Mulher da instituição, Bianca Barroso.
Ela frisou características das vítimas que podem potencializar o crime.
“Buscamos atuar de forma mais preventiva contra o feminicídio. Existem elementos que chamam mais atenção, por conta da desigualdade estrutural. Por exemplo, no traço de ser mulher negra e da classe social da pobreza, além de ser do Nordeste, faz com que ela seja ainda mais vulnerável”, apontou.
A coordenadora atentou outra vez para a estrutura desigual da sociedade e garantiu que o suporte legislativo atual é eficaz.
“Temos uma legislação excelente com a Lei Maria da Penha, considerada a terceira melhor do mundo, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). Temos uma constituição que combate à discriminação, mas também existe uma disparidade sociocultural”, finalizou.