Mulher afirma ser a mãe da recém-nascida encontrada em cesto de lixo na Praia de Gaibu
Acompanhada da mãe e da advogada, a mulher prestou depoimento nesta quarta-feira (16) na Delegacia do Cabo de Santo Agostinho
Na manhã desta quarta-feira (16), uma mulher de 37 anos se dirigiu até a Delegacia do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), afirmando ser a mãe da recém-nascida que foi encontrada na madrugada do último domingo (13), dentro de uma caixa em um cesto de lixo, na Praia de Gaibu, no município do Cabo de Santo Agostinho. A mulher vai realizar um exame de DNA para comprovar o vínculo com a criança.
De acordo com a Prefeitura do Cabo, a mulher esteve na delegacia acompanhada da mãe - uma senhora de 60 anos -, e da advogada Sandra Filizola . O depoimento durou cerca de duas horas.
A conselheira tutelar do município que está acompanhando o caso, Bárbara Kelly, afirmou que a criança encontra-se em um abrigo. Os conselheiros tutelares estiveram na delegacia para ouvir os depoimentos.
“Ouvimos a avó da criança, a suposta motivação da mãe da criança e a advogada. Existiu muita contradição entre os depoimentos do rapaz que achou a criança, da mãe, da avó e da advogada. Vamos encaminhar tudo isso para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Existem evidências que mostram a grande possibilidade que ela seja a genitora da criança. Mas nos informes, pelo o que a gente questionou e perguntou, existem muitas contradições”, explicou.
Segundo a advogada Sandra Filizola, a mulher escondeu a gravidez de toda a família e realizou o parto sozinha em uma casa de veraneio em Gaibu. Ela tem quatro filhos e duas netas menores de idade.
“Eu fui procurada na terça (15) pela tia da genitora da criança me relatando ligeiramente os fatos e pedindo que eu atendesse a sobrinha dela. Marquei no escritório, a minha cliente foi até lá, e conversamos. Ela chegou muito desesperada e eu não conseguia, em um primeiro momento, tirar nada dela e ela me falou que teve uma gravidez e nos 9 meses ninguém ficou sabendo, ela conseguiu esconder de todos. Ela está numa situação de apatia, chorou o depoimento quase todo”, destacou.
A advogada contou que na última sexta-feira (11), a mulher saiu do trabalho e foi até uma casa de veraneio da família em Gaibu, já com as contrações do parto. Ela tentou ligar para o pai da criança, com quem teve um relacionamento breve, mas não conseguiu falar com ele. Cerca de meia-noite do sábado (12), ela fez o parto da bebê na casa, sozinha.
“O pai da criança não sabia que ela estava grávida, ela tentou por diversas vezes falar com ele, mas não conseguiu. No sábado, ela fez o parto, cortou o cordão umbilical, deu banho na criança e amamentou", pontuou.
Com o desespero, a mulher resolveu deixar a criança em um posto de saúde próximo da casa na madrugada do sábado para o domingo, relatou a advogada. A mulher nega a versão de ter deixado a criança dentro de um coletor de lixo.
"O posto fica próximo a alguns bares e tinha muita gente no local. Com isso, ela se assustou e foi no sentido da praia. Quando ela entrou em uma rua, colocou a bebê dentro de uma caixa em uma calçada protegida. Ela forneceu todos os dados e a polícia está diligenciando no sentido de procurar câmeras e provar que ela não colocou a criança no lixo”, falou.
Após deixar a criança na calçada, a mulher voltou para a sua casa em Olinda e conseguiu falar com o pai da criança na segunda-feira (14).
“Era quase meia-noite e chamaram um Uber para irem na maternidade em Gaibu pegar a criança, mas não conseguiram, porque o Uber foi cancelado”, disse a advogada.
Segundo Sandra Filizola, a mulher, a mãe dela e o suposto pai da criança manifestaram interesse pela criança. Na terça (15), a mulher foi encaminhada para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Olinda. “Ela não fez pré-natal nenhum, não se vacinou, não fez nada. Ela precisa disso e também de um acompanhamento psicológico” ressaltou.
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Relembre o caso
Na madrugada do último domingo (13), o mecânico Luiz Paulo, de 35 anos, encontrou uma recém-nascida dentro de uma caixa em um cesto de lixo, na Praia de Gaibu, na cidade do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife (RMR).
O homem levou a criança para o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) José Antonio de Lima, em Gaibu, onde ela recebeu os primeiros atendimentos. O mecânico também acionou a Polícia Militar (PM), que constatou a veracidade do fato.
Antes da mulher que afirma ser a mãe da criança aparecer, Luiz Paulo, que tem uma filha de um ano e sete meses, destacou o desejo de adotar a criança e estava procurando formas na Justiça para que isso fosse possível.