Mulher alertou autoridades da França e da Suíça sobre o ex meses antes de ataque com faca em parque
Amigo diz que e-mails e ligações sobre comportamento de agressor foram 'ignorados'; Justiça francesa descartou 'motivação terrorista' e passou a avaliar estado psiquiátrico do homem
A ex-mulher de um refugiado sírio que, armado com uma faca, feriu seis pessoas — entre elas, quatro crianças — em um parque de Annecy, nos Alpes franceses, na última quinta-feira (8), alertou as autoridades da França e da Suíça sobre o comportamento do ex-marido meses antes do ataque. No entanto, de acordo com o "Mail Online", ela teve os apelos ignorados.
Segundo o site britânico, a mulher, de origem síria, se separou do homem após ele abandonar a casa da família de forma repentina, oito meses atrás. Segundo ela, o ex-marido, com quem tem uma filha de três anos, foi embora da Suécia porque não obteve a nacionalidade do país.
Ele tentou obter asilo na Suíça e na França, mas a mulher entrou em contato com os serviços de imigração para alertar que o ex-marido "não estava bem". E-mails e ligações foram ignorados.
— Elas [as autoridades] deveriam ter ouvido quando elas os contatou [para falar do ex-marido]. Talvez isso pudesse ter sido evitado — afirmou um amigo da família ao "Mail Online".
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O amigo contou ao portal que a mulher descobriu o ataque após receber uma ligação de um jornalista da França. Ele disse que a amiga, primeiro, não conseguiu acreditar no fato. Depois, "passou a noite inteira rezando pelas crianças atingidas".
Depois do ataque, a mulher já havia afirmado que o ex-marido tinha "pensamentos ruins" e estava vivendo "em uma igreja" da França nos últimos quatro meses. Ele foi preso logo após o ataque, que deixou quatro crianças em estado crítico.
Já a mãe do autor do ataque, que vive nos Estados Unidos há dez anos, disse à AFP estar em "estado de choque".
Agressor fica em silêncio durante audiência
O ataque gerou comoção e revolta na França, cujas autoridades agora investigam a motivação do agressor.
A Justiça abriu uma investigação por tentativas de assassinato, descartando por ora uma "motivação terrorista", disse a promotora de Annecy, Line Bonnet-Mathis, que também detalhou que o agressor não agiu sob efeitos de drogas ou álcool.
O homem compareceu a uma audiência judicial neste sábado, mas ficou em silêncio. Segundo Bonnet-Mathis, nenhuma pessoa ferida no ataque corre risco de morrer.
A primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, que visitou a cidade turística de cerca de 140 mil habitantes nos Alpes, observou que o homem não tinha antecedentes judiciais ou psiquiátricos conhecidos.