Mulher é fotografada sem véu islâmico e confronta homem enquanto Teerã reforça restrições; vídeo
Lei islâmica, vigente no Irã, proíbe que mulheres saiam de casa com as cabeças descobertas
Um vídeo viralizou nas redes sociais com uma discussão entre uma mulher sem hijab, o véu islâmico, e um clérigo, após ele ser flagrado tirando fotos dela sem autorização, no Irã. O incidente ocorreu em uma clínica na cidade de Qom, conhecida por ser um centro religioso no país.
No vídeo, a mulher pede ao clérigo para apagar as imagens, enquanto outros presentes se juntam à discussão. Algumas mulheres demonstram apoio à mulher sem véu, e uma delas chega a pegar o celular usado para as fotos e foge da clínica, sendo perseguida pelo religioso.
A mullah filmed an Iranian woman whose veil fell off her head while she was breastfeeding her new-born in a hospital in Qom, Iran.
— HariOm (Modi Ka Pariwar) (@Sanataniparcham) March 11, 2024
The cleric was confronted by the courageous woman who asked him to hand over his phone and erase the pictures and videos he had taken of her. pic.twitter.com/neXTv6dmkp
A divulgação do vídeo nas redes sociais gerou debate sobre a obrigatoriedade do hijab, o véu islâmico, no Irã. Muitos expressaram repúdio às táticas das autoridades para impor o uso do véu, especialmente após a morte de Mahsa Amini, em 2022, que despertou protestos contra a violência policial e as restrições de vestimenta no país.
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Em resposta ao vídeo, autoridades iranianas anunciaram a detenção de quatro pessoas por divulgarem as imagens. O procurador-geral de Qom afirmou que a investigação inicial indicou que as pessoas envolvidas buscavam criar divisão e tensão ao compartilhar o vídeo com meios de comunicação opositores.
"A investigação inicial das agências de aplicação da lei e de segurança revelou que estas pessoas pretendiam aproveitar este incidente para criar divisão e tensão, enviando o vídeo para os meios de comunicação inimigos", denunciou o procurador-geral de Qom, Hasan Gharib, para a agência Tasnim.
A controvérsia ampliou as divisões no Irã, com diversos setores se manifestando sobre o tema. Parlamentares opositores criticaram a abordagem das autoridades religiosas, enquanto muitas mulheres têm deixado de usar o hijab como forma de protesto e desobediência civil, enfrentando riscos de prisão e punições severas.