Mulher é presa no RJ por distrair vítimas com oferta de programa sexual para furtar celulares
Bruna Rayalla é considerada pela polícia uma das maiores ladras de telefones da Zona Sul do Rio; vítima conta que passou a receber ligações internacionais após ter seu celular roubado
Apontada como uma das maiores ladras de telefones celulares da Zona Sul, Maxwell de Araújo Cardoso, cujo nome social é Bruna Rayalla, foi presa por policiais da 13ª DP (Ipanema). Segundo as investigações, ela se aproximava das vítimas de forma amigável ou oferecia programas sexuais e levava os aparelhos celulares e carteiras.
A criminosa, que estava sendo monitorada há duas semanas, foi presa no sábado, no bairro de São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro, em cumprimento de um mandado de prisão temporária. Ela foi localizada na Quinta da Boa Vista, em um ponto conhecido pela oferta de prostituição.
De acordo com as investigações, Bruna se aproximava das vítimas de duas formas: amigavelmente, com danças e brincadeiras, ou com a proposta de programas sexuais. Ela se aproveitava do comportamento descontraído para distrair os clientes e realizar os furtos.
— Tudo aconteceu por volta de 1h da manhã, quando estávamos voltando para casa. Fomos abordados por ela enquanto caminhávamos na Avenida Epitácio Pessoa. A pessoa que estava comigo afirmou que viu, de relance, uma mulher sair de um carro, mas não deu muita importância. Continuamos andando e, logo depois, ela me agarrou. Começou a se esfregar em nós e bateu com o ombro em mim. Na hora, cheguei até a reclamar que o havia doído e a empurrei para longe — contou uma das vítimas de Bruna ao Globo.
Leia também
• Ciclone no Rio: fenômeno perde força, mas chega ao Sudeste com ventos de até 70km/h
• Polícia apreende adolescente por ameaça de ataque a escola no Rio
• Rio de Janeiro cria comitê permanente para atuar na prevenção à violência escolar
Segundo a vítima, que não quis se identificar, um dos celulares, que estava na cintura de um dos membros do casal, foi levado durante o encontrão. Ao perceberem que o aparelho havia sido levado, viram Bruna entrar de volta no carro e partir. No dia seguinte, a vítima, que havia ativado um modo de segurança, que bloqueia o uso de todas as informações do telefone, passou a receber ligações diárias. A ligação, que na maioria das vezes vinha do exterior, afirmava ser da empresa fabricante do aparelho e solicitava a senha de desbloqueio da tela.
— Todo dia me passavam um trote. Era sempre uma mensagem gravada, pedindo que eu enviasse a minha senha do celular. Fui bloqueando os contatos, mas continuavam me ligando. Uma semana depois, consegui encontrar meu celular por um dispositivo de busca. Fui até a delegacia e, acompanhada de um policial, segui até o Centro, onde o celular aparentava estar, mas não conseguimos recuperá-lo — afirmou a vítima. — No dia seguinte, recebi uma mensagem de uma mulher que afirmava ter encontrado meu aparelho no carro do marido, dizendo que ele era motorista de aplicativo. Ela pedia minha senha para desbloquear o aparelho e devolvê-lo para mim. Além de não entregar o código, perguntei se ela gostaria de me encontrar. Nunca mais entraram em contato comigo.
Imagens registradas por câmeras de segurança mostram a forma como a mulher abordava as vítimas. Em um dos vídeos, Bruna se aproxima e oferece um programa a um homem, que estava com o celular na mão. Quando ele guarda o aparelho no bolso, a criminosa muda de postura e esfrega seu corpo no da vítima. Aproveitando a distração do homem, ela pega o telefone que estava no bolso de trás da calça, sem que ele note. Após o furto, Bruna se afasta caminhando com tranquilidade.
Em outro vídeo, ela aborda um casal que passa pela calçada. Brincando, ela se aproxima do casal e começa a dançar, encostando no homem. Sem que ele perceba, ela pega seu aparelho celular. Desta vez, um comparsa da mulher chega de carro e ambos vão embora. Em outra ocasião, um terceiro homem é abordado na porta de um prédio. Nas imagens, também registradas por uma câmera de segurança, é possível ver Bruna puxando o telefone da mão da vítima e repassando o aparelho para outra mulher.
Além dos furtos, ela também estaria envolvida em uma quadrilha, responsável por roubos cometidos com arma de fogo, estiletes, facas e pedaços de madeira. Em um dos assaltos, Bruna e outros dois indivíduos abordaram casais que estavam sentados na praia de Copacabana e levaram os pertences. A autora também é investigada por extorquir dinheiro de clientes e outras mulheres, pois exigia valores para a utilização de determinados locais para programas sexuais.
Seguem as investigações
Segundo o delegado Ricardo Barboza de Souza, responsável pelo caso, os comparsas de Bruna, com quem praticava os furtos e assaltos, já foram reconhecidos e serão ouvidos. O policial ainda afirma que nem todas as ações foram realizadas com a mesma equipe, composta de pelo menos mais um homem e outra mulher, também transexual. Em alguns momentos, ela agiu acompanhada de outras pessoas.
De acordo com as investigações, a acusada comete crimes há mais de dez anos e já foi presa sete vezes, tendo cumprido pena entre os anos de 2014 e 2017. Em liberdade, voltou a cometer os delitos.