Mulher presa por venda de medicamento ilegal para 'emagrecimento milagroso' ostentava vida de luxo
Marcelly Neves de Lima foi encontrada em Ramos por policiais do Departamento Geral de Polícia da Capital
Marcelly Neves de Lima foi presa nesta quarta-feira por suspeita de comandar uma quadrilha que vendia medicamentos ilegais para "emagrecimento milagroso". O comércio do produto era feito nas redes sociais, com a descrição de ser 100% natural (fitoterápico), mas uma perícia da Polícia Civil do Rio de Janei8ro revelou que a composição tinha inibidores de apetite e laxante.
No Instagram, onde acumula mais de 106 mil seguidores, Marcelly ostenta uma vida luxuosa, com fotos de festas, viagens e transformações de beleza.
Nas legendas das publicações, a criminosa se limita a frases curtas, como "louca e mimada", "não nasci para regras" e "seja luz". Ela também se apresenta como "distribuidora" do medicamento "Seca Máximo", ao que chama de "protocolo". Parte das postagens são de Marcely em eventos e mirantes na Rocinha, na Zona Sul do Rio.
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Há também fotos e vídeos de humor sobre recentes procedimentos estéticos feitos por ela, como uma "lipo" de papada e implante de silicone nos seios. Além disso, Marcelly também compartilha momentos ao lado do casal de filhos. No geral, há poucas menções ao medicamento milagroso.
Investigação da polícia
Além de Marcelly, a Polícia Civil prendeu mais três pessoas suspeitas de integrarem a quadrilha do remédio ilegal. Ao todo, os agentes cumpriram 12 mandados de busca e apreensão, em endereços da capital e na Região dos Lagos. O Departamento Geral de Polícia do Interior (DGPI) também auxiliou na ação.
O trabalho da polícia começou após a denúncia de uma vítima, que pediu anonimato. Numa delegacia, ela contou ter comprado o medicamento e, logo após o seu uso, passou a ter fortes efeitos colaterais, como tonturas, vômitos, tremores e sudorese.
Além do depoimento, a vítima também levou o produto aos agentes, que foi apreendido e enviado à perícia, cujo resultado apontou substâncias como sibutramina (inibidor de apetite que atua no sistema nervoso central) e Bisacodil (um laxante).
Com as investigações, os policiais chegaram à Marcelly Neves de Lima, apontada como chefe do grupo. Ela era a responsável por adquirir os remédios em farmácias e organizá-los em embalagens próprias, com o rótulo de "Seca Máximo". A quadrilha fazia as vendas dos medicamentos pelas redes sociais, onde explicavam que os produtos eram 100% naturais, fitoterápicos, e capazes de um emagrecimento “milagroso”.
No WhatsApp, por exemplo, os criminosos tinham um grupo de venda chamado "Grupo Seca Máximo Oficial". Nele, a polícia encontrou depoimentos de mulheres afirmando que tiveram efeitos colaterais após o uso dos medicamentos. Como resposta, receberam de Marcelly a afirmação de que seria “normal”, que o uso constante iria inibir a presença dos efeitos.
Na ação desta quarta-feira, os agentes apreenderam diversos frascos do medicamento, que não têm registro na Anvisa, tampouco apresentam indicações de laboratório, lote, validade, bula, nem qualquer traço de legitimidade. Os presos responderão pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, venda de produto farmacêutico corrompido, associação criminosa, exposição a perigo da vida e crimes contra o consumidor.