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RIO DE JANEIRO

Mulher que mora com a mãe no McDonald's do Leblon se queixa de preconceito

Bruna Muratori diz que 'sempre que alguma coisa acontece comigo, penso: Tem alguém passando algo mais grave do que eu. Então, não faço tanto drama da situação'

Imagens de mãe e filha na loja ganharam as redesImagens de mãe e filha na loja ganharam as redes - Foto: Redes sociais/Reprodução

Bruna Muratori, de 31 anos, a mulher que mora no McDonald's do Leblon, na Zona Sul do Rio, junto com a mãe, Susane Paula Muratori, de 64, afirma que o caso ganhou repercussão no bairro e nas redes sociais devido ao “preconceito” por parte de moradores da região. Em entrevista a um podcast, ela afirma que a situação incomodou.

— Na verdade, aconteceu um preconceito. Esses moradores do Leblon talvez às vezes também não tenham o que comer dentro de casa, não pagam condomínio, não pagam isso ou aquilo. E a gente sabe que acontece, só tem o status, a estética. Muitas das vezes, estão se fingindo. Então, incomodou porque chamou atenção até por coisas que talvez eles estão passando e não querem que ninguém enxergue.

Bruna, que conta já ter trabalhado em restaurantes, diz que é comum observar clientes que passam a tarde e até mesmo a noite consumindo nos estabelecimentos.

— Acho que (no nosso caso) chocou a parte que a gente esperava eles (McDonald's) reabrirem. Incomodou de todo mundo ver que pode ser uma decisão de qualquer um, pode acontecer com qualquer um, e pode acontecer com pessoas que nem eles.

Nas últimas semanas, a situação de mãe e filha chamou a atenção de quem passava pela Avenida Ataulfo de Paiva, a principal do bairro, já que ambas ficavam dia e noite no estabelecimento. A delegada titular da 14ª DP (Leblon), Thaianne Barbosa, chegou a explicar que, apesar de inusitada, a situação não configurava crime:

— A permanência delas no horário aberto para o comércio e consumindo os produtos, não configura o crime por si só. Se, futuramente, o McDonald's ou outras pessoas noticiarem outros elementos a esse fato que delimitem ali a ocorrência de um crime, a delegacia estará aberta para formalizar a investigação — disse, na semana passada.

Ao podcast Fala Guerreiro, nesta quinta-feira, Bruna contou que ela e a mãe estão na lanchonete há, no máximo, um mês. Diferente do que foi divulgado, de que estariam no local havia cerca de três meses.

— Não é aquele tempo que falam. É um mês, no máximo. Não, não tem nem como (serem três meses), até porque eu estava trabalhando, estava em outro lugar. Então, assim, impossível — afirmou.

Ela diz não ter visto a situação em que se encontram como um problema. Para ela, era algo temporário:

— Sempre que alguma coisa acontece comigo, penso: 'Tem alguém passando algo mais grave do que eu'. Então, não faço tanto drama da situação como as pessoas em si fazem. Para mim, isso estava normal, essa situação toda. E também não era nenhum pesadelo, porque eu sempre trabalhei. Até então, estava trabalhando. Decidi me afastar do trabalho. E era só uma questão de arrumar uma quitinete ou um apartamento de um quarto. Era uma coisa simples para mim.

Ainda de acordo com ela, os funcionários do McDonald's não se incomodaram com a presença das duas, já que ambas consumiam no local constantemente.

— Eles mesmos falavam: “por que estão se metendo na vida de vocês? Por que eles querem se meter nisso? As pessoas não têm nada a ver com isso, essa é a decisão de vocês, vocês são clientes, vocês consomem, vocês estão se sentindo bem aqui com a gente, vocês se sentem seguras aqui com a gente também” — relatou.

Como chegaram ao Rio
Natural de Porto Alegre, ela conta ter se mudado para a capital fluminense há oito anos. Segundo Bruna, no Sul, ela não chegou a fazer faculdade, tinha planos de fazer quando estivesse no Rio.

— Lá (no Rio Grande do Sul), eu era professora de inglês, particular. Me formei muito cedo no colégio, tinha 16 anos. E a única coisa que eu sabia fazer era (falar) inglês. Minha rotina era muito extrema no colégio. E aí, deu certo. Quando vim para o Rio, continuei dando aula particular até me localizar bem. Depois, fui trocando. Pós-pandemia é que comecei a trabalhar em outros lugares — explica ela, que continua:

— A gente já conhecia o Rio, então, quando decidimos nos mudar, não era uma coisa diferente. Eu já tinha mais ou menos um planejamento de carreira, de estudo… A gente foi ficando, e aí a vida acontece: você começa a namorar, tem o namorado, tem o estudo, começa um trabalho, e depois começa a focar em carreira.

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