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SÃO PAULO

Mulher vai operar apêndice e descobre 270 pedras na vesícula: "Olha o que tiraram de você"

Ludmila Lourenço sentiu dores ao longo de três anos, mas nenhum médico descobria a causa do incômodo

Ao acordar da cirurgia, recebeu em mãos um saco cheio: eram as 270 pedras que estavam em sua vesículaAo acordar da cirurgia, recebeu em mãos um saco cheio: eram as 270 pedras que estavam em sua vesícula - Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução

O que parecia ser, inicialmente, uma dor nas costas foi se transformando em um pesadelo: Ludmila Lourenço, de 31 anos, viu o desconforto acompanhar todas as suas atividades, desde a hora de comer a quando ia realizar uma atividade física.

Mãe de uma criança de 3 anos e 9 meses, Lud — como gosta de ser chamada — chegou a fazer até fisioterapia pensando que o problema era na coluna. Mas no dia 1º deste mês uma crise aguda de dor a levou ao pronto-socorro: era uma apendicite. Ao acordar da cirurgia, recebeu em mãos um saco cheio: eram as 270 pedras — que contou à mão — que estavam em sua vesícula, que precisou ser retirada.

Ludmila Lourenço, ou "Lud Lower", é uma fotógrafa profissional da cidade de São Paulo. Por conta da profissão, quando começou a sentir dores na coluna entre o final de 2019 e o início de 2020, logo pensava serem ócios do ofício. Com ainda é mãe do pequeno Benjamin, de quem cuida sozinha, hoje com 3 anos e 9 meses, bastava tomar um comprimido para a dor passar.

— Todo dia eu tinha dores e dores e dores, passei três anos à base de dipirona. Fui levando a vida, à base de remédios, comecei a ficar depressiva, a ter crise de ansiedade recorrente, já ficava com crise ansiosa quando sabia que ia comer, porque depois teria que ficar deitada — relata a fotógrafa.
 

Com o tempo, as crises de dores foram aparecendo e as idas ao hospital foram se tornando mais frequentes. Em tempos de hospitais lotados de pacientes com Covid-19, sua internação para tratar de uma — no singular — pedra na vesícula poderia colocar sua saúde em risco, devido à pandemia.

— Muita gente pergunta como aguentei (a dor, enquanto ainda trabalhava e cuidava do filho): não tinha outra opção, não aguentar é privilégio de rico; pobre tem que aguentar — relata. — Parei de sair com minhas amigas, porque eu ficava muito debilitada depois. Não doía só para comer, porque se eu corresse também doía, se eu me esforçasse doía, e às vezes até dormindo: a vida foi parando.

Em abril deste ano, depois de ir mais uma vez ao pronto-socorro com fortes dores na barriga e nas costas, Lud foi avaliada, fez exames, a vesícula foi "considerada ok" e os médicos pensaram que o problema seria nas costas, tanto que fez até ressonância. Com as dores, chegou a tomar corticoides.

No dia 31 de maio, após uma viagem de ônibus de Florianópolis, a fotógrafa diz ter sentido uma dor sem precedentes: era apendicite aguda.

— Fui ao hospital, o médico pediu uma ultrassonografia da parte superior do abdômen, mesmo comigo reclamando de dores na parte inferior. O médico disse: "Você está com umas pedras, mas a vesícula está do tamanho normal, não tem nenhum indício de emergência, você vai voltar para casa" — relatou.

A fotógrafa não se conformou e, achando que tinha "algo de errado", pediu à médica para conferir o que poderia ser:

— Quando deitei na maca e ela bateu os dedos na minha barriga, já me contorci e, após uma tomografia, deu apendicite aguda. Mesmo tomando medicamento na veia, era impossível de dormir (internada) de madrugada, tamanha dor — completou.

Surpresa ao acordar

Na quarta-feira, dia 1º de junho, Ludmila entrou para a cirurgia no apêndice e acordou sem a vesícula:

— Um enfermeiro me deu um saco cheio de pedras "olha o que tiraram de você". Ele falou que era da vesícula. Meio anestesiada ainda, questionei: "Vocês tiraram a vesícula?" e, segundo o médico, não teve como não tirar, porque se não eu voltaria lá uns dias depois com ela estourada — conta Lud.

Segundo a fotógrafa, os exames não identificaram a vesícula com 25 centímetros. Ainda no hospital, contou 220 pedras porque "estava sem fazer nada". Em casa, lavou as pedrinhas, enxugou e as contou novamente. A nova soma contabilizou 270 delas.

— Hoje eu estou 300% melhor do que os três anos que vivi — conclui.

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