Estados Unidos

Mulheres denunciam à Justiça negativa de aborto no Texas

Essas mulheres queriam levar a gravidez até o fim, mas durante os exames médicos descobriram que o feto não era viável

Women's Reproductive Clinic, que presta serviços de aborto com medicamentos legais, em Santa Teresa, Novo México, em 15 de junho de 2022Women's Reproductive Clinic, que presta serviços de aborto com medicamentos legais, em Santa Teresa, Novo México, em 15 de junho de 2022 - Foto: Robyn Beck / AFP

Cinco moradoras do Texas que tiveram a interrupção da gravidez negada, apesar de complicações graves, apresentaram uma denúncia na noite de segunda-feira contra as leis antiaborto neste estado conservador do sul dos Estados Unidos.

É a primeira queixa apresentada por mulheres que tiveram o aborto negado desde que a Suprema Corte dos Estados Unidos revogou o direito à interrupção voluntária da gravidez em junho, segundo o Centro de Direitos Reprodutivos, organização que as representa.

O processo "inclui relatos devastadores, em primeira mão, de mulheres que quase perderam a vida depois de terem negado o atendimento médico de que precisavam", disse a vice-presidente, a democrata Kamala Harris, que as apoiou nesta terça-feira (7) em um comunicado.

Essas mulheres queriam levar a gravidez até o fim, mas durante os exames médicos descobriram que o feto não era viável.

Segundo a denúncia, os médicos se recusaram a realizar abortos, apesar do risco de sangramento e infecção. Eles se justificaram recorrendo às leis que proíbem o aborto no Texas, sendo que uma delas prevê até 99 anos de prisão para os médicos que desafiarem a proibição.

Essas leis preveem exceções em caso de "perigo de morte ou risco de disfunção grave para a mãe", mas, segundo as denunciantes, são muito vagas.

Uma delas, Amanda Zurawski, de 35 anos, teve a bolsa rompida com 17 semanas de gravidez, muito cedo para o bebê sobreviver. O hospital esperou até que houvesse sinais de infecção, três dias depois, para remover o feto.

Segundo a denúncia, ela teve sepse, passou vários dias na UTI e perdeu uma das trompas de Falópio, devido à recusa ao tratamento.

Outra denunciante, Lauren Miller, estava grávida de gêmeos quando soube que um dos fetos não era viável. Apesar dos riscos à sua saúde e ao desenvolvimento do outro feto, a equipe médica não abortou o feto inviável e ela teve que viajar para o Colorado para se submeter ao procedimento. Ela ainda está grávida e deve dar à luz no final do mês.

Com 18 semanas de gravidez, Lauren Hall descobriu que seu feto não tinha crânio e não poderia sobreviver. Ela precisou viajar até Seattle para fazer o aborto.

Ao contrário das outras denúncias apresentadas por médicos e associações desde junho, esta ação não ataca a proibição do aborto, mas pede aos tribunais que "esclareçam o alcance das exceções".

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