Mulino critica UE por manter Panamá na lista de paraísos fiscais
A lista foi criada em 2017 após uma série de escândalos, que levou a UE a tomar medidas contra a sonegação fiscal
A decisão da União Europeia (UE) de manter o Panamá em sua lista de paraísos fiscais é um "excesso", disse o presidente panamenho, José Raúl Mulino, nesta quinta-feira (10).
Na última terça-feira, a UE anunciou ter retirado Antígua e Barbuda de sua lista de paraísos fiscais, mas manteve o Panamá e outros países.
"Pedi ao chanceler (Javier Martínez-Acha) que chame todos os embaixadores europeus à Chancelaria para mostrar-lhes a insatisfação do governo nacional com este novo excesso", disse Mulino em sua coletiva de imprensa semanal.
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"Não tem nenhuma razão de ser, nem lavamos dinheiro como política de Estado, muito menos financiamos o terrorismo, nem tampouco estamos em condição de apadrinhar sem-vergonhas internacionais", afirmou.
A lista de países considerados paraísos fiscais pela UE inclui Samoa americana, Anguilla, Fiji, Guam, Palau, Panamá, Rússia, Samoa, Trinidade e Tobago, Ilhas Virgens americanas e Vanuatu.
A lista foi criada em 2017 após uma série de escândalos - incluído o dos 'Panama Papers' -, que levou a UE a tomar medidas contra a sonegação fiscal.
Mulino fez da presença do Panamá neste tipo de lista de paraísos fiscais um de seus principais temas de política externa desde que assumiu a Presidência, em 1º de julho.
O presidente panamenho reiterou que, durante visita que fará a Paris em 21 de outubro, pedirá ao presidente francês, Emmanuel Macron, ajuda para tirar o Panamá destas listas.
"É o ponto número um" de sua agenda em Paris, disse Mulino, acrescentando que tem a "esperança" de que a França se una ao Panamá para que esta "injustiça" não continue.
Mulino tem advertido que empresas de países que incluírem o Panamá nestas listas não poderão participar de licitações de obras públicas no país centro-americano.
Além disso, tem afirmado que os países que acusarem o Panamá de ser um paraíso fiscal tampouco receberão seu apoio em fóruns internacionais.
Em 1º de janeiro, o Panamá assume como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Nesta quinta, Mulino abrandou sua posição e disse que seu país votará no Conselho de Segurança de forma "responsável" e sem cometer "loucuras".
Nos últimos anos, o Panamá realizou reformas legais, entre elas a criminalização da sonegação fiscal, para tentar sair das listas.
Estas mudanças lhe permitiram sair, em 2023, da "lista cinza" do Grupo de Ação Financeira (GAFI).