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Mundo impõe cada vez mais medidas contra variante ômicron, que pode se tornar dominante na Europa

A nova variante, aparentemente mais contagiosa e com múltiplas mutações, abala a reabertura progressiva colocada em prática em diversos países diante dos avanços da vacinação

Coronavírus Coronavírus  - Foto: William West / AFP

A Alemanha impôs restrições drásticas aos não vacinados e os Estados Unidos endureceram as exigências de entrada no país em meio ao turbilhão de medidas tomadas no mundo para conter a variante ômicron que pode se tornar dominante na Europa nos próximos meses.

A nova variante, aparentemente mais contagiosa e com múltiplas mutações, abala a reabertura progressiva colocada em prática em diversos países diante dos avanços da vacinação e, por exemplo, provocou o cancelamento da comemoração do Ano Novo em São Paulo, onde foram confirmados três casos.
 

Diante da onda mais grave de coronavírus desde o início da pandemia, a Alemanha decretou medidas praticamente de isolamento para o terço de sua população que ainda não se vacinou, e que agora não poderá frequentar comércios não essenciais, restaurantes ou lugares culturais e de lazer.

"A situação é muito complicada", declarou o futuro chanceler Olaf Scholz, após uma reunião com a líder do governo em fim de mandato, Angela Merkel, e autoridades das 16 regiões do país.

A principal economia da Europa estuda também um projeto de obrigatoriedade da vacina, opção que será aplicada na vizinha Áustria e está na mesa de diversos governos, como África do Sul ou da própria União Europeia.

Nos Estados Unidos, que detectou o primeiro caso de transmissão comunitária da variante ômicron, o presidente Joe Biden apresentou um plano de luta contra a Covid-19, embora sem medidas drásticas e baseado em novos requisitos para viajantes.

A partir da semana que vem, além de estarem vacinados, os viajantes internacionais terão que apresentar um teste negativo realizado um dia antes de sua viagem, informou a Casa Branca.

Com menos de 60% de sua população vacinada, Biden tentou impor a obrigatoriedade da vacina nas empresas, mas deu de cara com a oposição dos republicanos. A luta contra a pandemia "não deveria ser fonte de divisão", lamentou.

Os Estados Unidos detectaram oito casos da nova variante em seu território, cinco em Nova York, confirmados nesta quinta-feira pela governadora Kathy Hochul.

Perigo de reinfecção 

As restrições se multiplicam em todo o mundo diante de uma variante que, segundo análises preliminares do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), apresenta "uma vantagem substancial" sobre a delta, dominante até então.

Com base em modelos matemáticos, a variante "ômicron poderá causar mais da metade das infecções provocadas pelo vírus SARS-CoV-2 na União Europeia nos próximos meses", disse a entidade.

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, advertiu que os reduzidos índices de vacinação anticovid e de testes de diagnóstico provocam um "coquetel tóxico". 

"É uma combinação ideal para a reprodução e aumento de variantes do coronavírus", afirmou.

Apesar da imposição de diversas restrições de viagem, especialmente contra a África do Sul (que alertou sobre a nova variante na semana passada) e seus vizinhos, a variante ômicron está presente em dezenas de países nos cinco continentes.

A OMS e a ONU criticaram a inutilidade dessas sanções contra os países africanos, onde a desigualdade de acesso às vacinas resulta em baixos níveis de imunização da população.

As autoridades sul-africanas alertaram para uma propagação "exponencial" do vírus em seu território, onde a nova variante já é dominante.

Além disso, pesquisadores do Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis da África do Sul (NICD) alertaram nesta quinta-feira que os anticorpos gerados pela transmissão do coronavírus não evitam o contágio com a variante ômicron.

O estudo não possui informações sobre o estado de vacinação dos sujeitos analisados e ainda não foi verificado por outros cientistas, embora alguns tenham elogiado sua "alta qualidade".

"Esta análise é realmente perturbadora", disse Michael Head, da Universidade de Southampton.

Isso se soma aos temores de uma maior resistência da variante às vacinas existentes, à medida que diferentes laboratórios se preparam para uma corrida para desenvolver novas versões de seus medicamentos contra a ômicron.

O surgimento da ômicron turva as perspectivas de recuperação econômica, indicou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pedindo "que as vacinas sejam produzidas e distribuídas o mais rápido possível em todo o mundo".

 Sem festa de fim de ano 

A nova situação obriga a repensar os eventos programados em muitos lugares. No Brasil, único país da América Latina onde essa variante foi detectada até o momento, São Paulo decidiu cancelar as comemorações do Ano Novo, embora os indicadores mostrem o retrocesso da pandemia no estado mais populoso do país.

"Há incertezas sobre o impacto da variante ômicron na véspera do final do ano. Os períodos de Natal e Réveillon costumam causar grandes multidões, o que facilita a transmissão de doenças respiratórias como a covid-19", explicou o governo de São Paulo em uma nota.

As negociações programadas para janeiro em Genebra da Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP15) também foram adiadas devido à "incerteza" sobre a variante ômicron.

A OMS considera "elevada a probabilidade de propagação da ômicron por todo o mundo", apesar das dúvidas sobre a transmissibilidade, gravidade ou sua resistência às vacinas.

A pandemia de Covid-19 provocou mais de 5,2 milhões de mortes desde a detecção da doença no fim de 2019 na China, segundo um balanço da AFP.

O elemento tranquilizador é que, até o momento, nenhuma morte parece vinculada à variante ômicron.

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