Assad afirma que fuga da Síria não foi planejada e que Rússia pediu sua 'saída'
A guerra civil na Síria começou em 2011, quando o governo Assad reprimiu de maneira violenta uma onda de protestos pacíficos
O presidente deposto Bashar al-Assad afirmou nesta segunda-feira (16) que não fugiu de maneira premeditada da Síria no dia em que os rebeldes tomaram a capital Damasco e disse que a Rússia pediu sua saída de uma base militar sob ataque, em sua primeira declaração após o fim de seu regime.
Uma aliança de insurgentes liderada pelo grupo islamista sunita Hayat Tahrir al Sham (HTS) iniciou uma operação relâmpago em 27 de novembro a partir de seu reduto de Idlib, no norte da Síria, e tomou Damasco em 8 de dezembro.
"Minha saída da Síria não foi planejada, nem aconteceu durante as últimas horas da batalha, ao contrário de certas afirmações", declarou Assad em um comunicado divulgado pelo Telegram.
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"Pelo contrário, fiquei em Damasco, cumprindo meu dever até a madrugada de domingo, 8 de dezembro", disse.
Assad explicou que, diante do avanço dos insurgentes em direção a Damasco, ele viajou para Latakia, na costa do Mediterrâneo, "em coordenação" com a Rússia, um de seus aliados no conflito, para "supervisionar as operações de combate".
"Quando a base russa de Khmeimim, onde estava refugiado, foi bombardeada por drones, Moscou pediu (...) uma saída imediata para a Rússia em 8 de dezembro".
Cinco ex-funcionários do governo afirmaram à AFP que, horas antes da tomada de Damasco pelas forças rebeldes e da queda do governo Assad, o ex-presidente sírio já estava fora do país.
Assad chama de "terrorista" qualquer grupo de oposição. A organização HTS tem um passado jihadista, pois tem raízes no antigo braço da Al Qaeda na Síria, a Frente Al Nusra.
A organização rompeu com a Al Nusra em 2016 e suavizou sua imagem, mas ainda é classificada como grupo terrorista pelos Estados Unidos e por outros governos ocidentais.
"Quando o Estado cai nas mãos do terrorismo e se perde a capacidade de fazer uma contribuição significativa, qualquer cargo fica vazio de propósito", acrescentou o autocrata deposto.
A guerra civil na Síria começou em 2011, quando o governo Assad reprimiu de maneira violenta uma onda de protestos pacíficos. O conflito deixou mais de meio milhão de mortos e forçou milhões de pessoas a abandonarem suas casas.
Assad estava no poder desde 2000, quando sucedeu o pai Havez.