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Belarus confirma morte de um segundo manifestante após repressão contra protestos

A repressão brutal tem sido a tônica contra as manifestações registradas em todo o país

Protestos em Belarus, na BielorússiaProtestos em Belarus, na Bielorússia - Foto: Siarhei LESKIEC / AFP

As autoridades bielorrussas confirmaram nesta quarta-feira (12) a morte de um manifestante detido durante à brutal repressão dos protestos contra os resultados da eleição presidencial de domingo. O Comitê de Investigação informou que o jovem, de 25 anos, morreu no hospital, sem dar uma data exata, após ter sido preso no domingo em uma "manifestação não autorizada" e depois de seu estado de saúde "se deteriorar de repente" durante a prisão.

A causa da morte é incerta, mas uma rádio local informou que a mãe do jovem disse que o filho tinha problemas no coração e que havia ficado detido por horas em uma delegacia. A polícia havia informado da morte de outro manifestante após a explosão na própria mão da vítima de um artefato que ele pretendia lançar contra as forças de segurança na segunda-feira.

A repressão brutal tem sido a tônica contra as manifestações registradas em todo o país desde que no domingo foi oficializada a vitória -com mais de 80% dos votos- do atual presidente, o autocrata Alexandre Lukashenko, no poder há 26 anos.

As autoridades interditaram nesta quarta-feira o centro da capital Minsk e proibiram a circulação de pedestres e automóveis para evitar novas manifestações, de acordo com jornalistas da AFP. Mais cedo, dezenas de mulheres formaram correntes humanas em dois lugares da capital para denunciar a dura repressão policial contra os protestos que contestavam a reeleição de Lukashenko.

A calma reinava na cidade em comparação com as três noites anteriores, quando cerca de 1.000 pessoas foram presas na noite de terça-feira, de acordo com a polícia, e entre 2.000 e 3.000 nas duas noites anteriores. De acordo com o Ministério da Saúde, houve 51 feridos.

Em entrevista à rádio, a escritora Svetlana Alexievich, única bielorrussa vencedora do prêmio Nobel, acusou o presidente Lukashenko de arrastar o país a um "abismo" e o urgiu a abandonar o poder.

Desde domingo, para dispersar os manifestantes, a polícia usou granadas sonoras e balas de borracha, o que fez cerca de 250 pessoas darem entrada nos hospitais. O acesso à internet tem sido controlado pelo governo.

Plano de mediação
Enquanto a União Europeia (UE) examina possíveis sanções contra Minsk, os ministros das Relações Exteriores do bloco se reunirão na sexta-feira, por videoconferência, para discutir, entre outros temas, o cenário em Belarus.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, afirmou nesta quarta-feira, durante uma visita a Praga, que o povo de Belarus tem o direito a desfrutar das liberdades que reclama". O presidente francês, Emmanuel Macron também expressou "sua grande preocupação com a situação em Belarus" durante uma conversa telefônica com o mandatário russo, Vladimir Putin, enquanto o Ministério das Relações Exteriores alemão reprovou "o clima de intimidação, medo e violência". 

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou a repressão: "As pessoas têm o direito de se pronunciar e expressar sua discordância", afirmou em comunicado. Letônia, Lituânia e Polônia, três países pertencentes à UE vizinhos de Belarus, também apresentaram um plano de mediação nesta quarta-feira. 

A opositora Svetlana Tikhanovskaya, rival de Lukashenko na eleição presidencial, reivindicou a vitória antes de abandonar o país e buscar refúgio na Lituânia, o que ela fez, segundo o comando de sua campanha, por pressão das autoridades. Lukashenko se defendeu das críticas chamando os manifestantes de "desempregados com um passado criminoso" que deveriam "estar trabalhando". 

"Não haviam acontecido manifestações desta magnitude e duração, nem uma repressão de tal violência", disse Oleg Goulak do Comitê Helsinque da Belarus, uma ONG de defesa dos direitos humanos. Lukashenko "tem o controle do aparato repressivo e assim aterroriza a população. Um regime como este cai somente em caso de divisão nas forças de segurança", comentou Alexander Baunov, do centro Carnegie de Moscou.

O chefe de Estado, de 65 anos, nunca permitiu um avanço da oposição, que carece de representação no Parlamento. A última onda de protestos, em 2010, também foi severamente reprimida. Tikhanovskaya, de 37 anos, novata na política, mobilizou em poucas semanas, para surpresa geral, dezenas de milhares de pessoas. Esta professora de inglês substituiu na disputa presidencial o marido Serguei, um conhecido blogueiro que foi detido em maio.

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