Protestos

Irã impede cerimônia de aniversário da morte de Mahsa Amini, segundo ONGs

Morte desencadeou uma onda de protestos por semanas

Foto: DIMITAR DILKOFF / AFP

Autoridades iranianas impediram neste sábado(16) que a família de Mahsa Amini organizasse uma cerimônia pelo primeiro aniversário de sua morte e prenderam brevemente seu pai, denunciaram grupos de direitos humanos.

Amini, uma curda iraniana de 22 anos, morreu em 16 de setembro de 2022 após ter sido detida por supostamente violar o código de vestimenta para mulheres. Sua família afirma que ela morreu por um golpe na cabeça, mas as autoridades negam.

A morte desencadeou uma onda de protestos por semanas nos quais muitas mulheres tiraram o véu islâmico em desafio à liderança do guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei.

O pai de Mahsa Amimi, Amjad Amini, foi detido neste sábado quando saiu da sua casa em Saqez e foi libertado, mas as autoridades o alertaram para não celebrar uma homenagem no túmulo da sua filha, informaram três ONG: a Kurdistan Human Rights Network (KHRN), 1500 tasvir e Iran Human Rights (IHR).

Os protestos perderam força após uma repressão que causou 551 mortes de manifestantes, segundo o organização Iran Human Rights (IHR), e mais de 22.000 detenções, segundo a Anistia Internacional. Sete homens foram executados por casos vinculados às manifestações.

Os ativistas afirmam que a repressão se intensificou com a proximidade do aniversário, especialmente contra pessoas próximas às vítimas.

A ONG Human Rights Watch indicou que familiares de ao menos 36 pessoas assassinadas ou executadas foram interrogados, detidos, perseguidos ou condenados à prisão no último mês.

- "Forças repressivas" destacadas -

As duas jornalistas que acompanharam o caso mais de perto, Niloofar Hamedi e Elahe Mohammadi, estão presas há quase um ano. Nazila Maroufian, que entrevistou várias vezes o pai de Mahsa, Amjad Amini, foi presa em diversas ocasiões.

Amini disse à imprensa estrangeira que queria organizar uma homenagem pelo aniversário em sua cidade natal, Saqez, no oeste do Irã, onde há uma grande população curda.

Segundo a ONG Hengaw, o governo enviou forças de segurança adicionais para Saqez e outras cidades no oeste que poderiam tornar-se focos de conflito durante o fim de semana.

A organização denunciou neste sábado que "forças repressivas" estão posicionadas em torno da casa da família Amini em Saqez.

- Irã "redobra a repressão" -

O Parlamento tramita um projeto de lei conhecido como "Apoio à cultura do hijab e da castidade" que prevê sanções muito mais severas para o descumprimento do código de vestimenta.

Sara Hossain, presidente da missão da ONU que investiga a repressão no Irã, disse que o país "redobra a repressão e retaliação contra os seus cidadãos".

A Anistia Internacional acusou Teerã de ter cometido "crimes ante o direito internacional para erradicar qualquer desafio ao seu controle férreo do poder".

Os Estados Unidos, o Reino Unido, a União Europeia, o Canadá e a Austrália anunciaram sanções contra autoridades e entidades iranianas, nas vésperas do aniversário da morte de Amini.

O Irã criticou as "ações e declarações intervencionistas e as ridículas e hipócritas" demonstrações de apoio ao movimento de protesto, nas palavras do porta-voz da diplomacia iraniana, Naser Kanani.

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