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Morre xeque Nawaf, emir do Kuwait, aos 86 anos

Ele foi emir apenas durante três anos, mas passou seis décadas envolvido na tumultuada liderança do país, ocupando vários cargos importantes

Xeque NawafXeque Nawaf - Foto: Yasser Al-Zaayyat/AAFP

O emir do Kuwait, xeque Nawaf al Ahmad al Sabah, morreu neste sábado (16), aos 86 anos, anunciou a Corte Real, após um mandato de três anos marcado por múltiplos conflitos políticos à frente desse país do Golfo rico em petróleo.

"Com grande tristeza, lamentamos a morte do xeque Nawaf al Ahmad Al Sabah, emir do Estado do Kuwait", afirmou um comunicado divulgado pela televisão estatal.

Pouco antes, a televisão estatal interrompeu sua programação e transmitido versos do Alcorão.

Em novembro, o xeque Nawaf foi internado, devido a "um problema de saúde urgente", segundo a agência oficial de notícias KUNA, sem dar detalhes sobre a doença. Posteriormente, sua condição foi relatada como estável.

Considerando-se sua idade, sua saúde sempre foi uma questão importante durante sua gestão.

O xeque Nawaf foi nomeado príncipe herdeiro em 2006 por seu meio-irmão, xeque Sabah al Ahmad al Sabah, e assumiu o cargo de emir após sua morte em setembro de 2020, aos 91 anos.

Pouco depois, a televisão estatal informou a nomeação como novo emir do príncipe herdeiro, xeque Mishal al Ahmad al Jaber al Sabah, de 83 anos, meio-irmão do falecido xeque Nawaf.

"O gabinete do Kuwait nomeia o príncipe herdeiro, sua alteza xeque Mishal, emir do Estado do Kuwait", informou a emissora.

País de 4,5 milhões de habitantes, dos quais 1,3 milhão são kuwaitianos, o Kuwait está mergulhado há vários anos em uma crise profunda entre os poderes executivo e legislativo, que bloqueia qualquer tentativa de reforma.

O falecimento do xeque Nawaf e a idade avançada de seu sucessor aumentam as incertezas em um país abalado por divisões, incluindo dentro da família Al Sabah, com troca de acusações de corrupção e conspiração entre alguns de seus membros.

Disputa entre os Poderes Executivo e Legislativo
A Constituição do Kuwait estabelece que o soberano deve ser descendente do fundador da nação, Mubarak al-Sabah. Mas, durante muito tempo, respeitou-se uma tradição de alternância entre os ramos da família Salem e Jaber.

O antigo emir xeque Sabah, da família Jaber, pôs fim a essa tradição, ao nomear o xeque Nawaf, também Jaber, como príncipe herdeiro em 2006, afastando, assim, a família Salem.

O xeque Nawaf foi emir apenas durante três anos, mas passou seis décadas envolvido na tumultuada liderança do país, ocupando vários cargos importantes.

Foi, entre outros, ministro da Defesa quando o Iraque invadiu o país em 1990 e também ocupou a pasta do Interior durante o período em que as forças de segurança kuwaitianas lutaram contra islamistas armados em 2005.

Na esfera diplomática, manteve o "status quo", optando pela ausência de relações com Israel. Manteve, no entanto, relações equilibradas com Arábia Saudita e Irã, os dois grandes inimigos regionais.

Com seu estilo discreto, conseguiu sobreviver à agitada política do Kuwait, marcada por repetidas disputas entre o Governo e o Parlamento.

País conservador, no qual os postos de poder estão concentrados nas mãos da família al Sabah, o Kuwait tem o Parlamento mais ativo e poderoso do Golfo.

Um dos principais exportadores de petróleo do mundo, detentor de cerca de 7% das reservas mundiais de petróleo bruto, é um Estado extremamente rico, onde a instabilidade abrandou as reformas e o desenvolvimento de infraestruturas.

A luta permanente entre o Executivo e os parlamentares resultou em uma dança de governos e na dissolução da Assembleia em inúmeras ocasiões na última década.

No início de Abril, a pequena monarquia formou seu sétimo governo em três anos. Poucos dias depois, o emir dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições legislativas.

De um modo geral, o xeque Nawaf se manteve à margem da vida política, em benefício do príncipe herdeiro xeque Mishal.

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