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Na Ásia, Ramadã vai contra recomendações para conter pandemia

Autoridades tentam limitar as reuniões para impedir a propagação da Covid-19

Ramadã.Ramadã. - Foto: RAHMAD SURYADI / AFP

Lar de metade dos muçulmanos do mundo, a Ásia espera ansiosa pelo Ramadã, que este ano acontece em meio à pandemia de coronavírus. As autoridades tentam limitar as reuniões para impedir a propagação da Covid-19, mas os imãs exortam os fiéis a irem às mesquitas.

Os imãs de Bangladesh pedem aos fiéis que se reúnam nas mesquitas. Os líderes religiosos paquistaneses convenceram as autoridades a não fecharem os locais de culto durante o mês sagrado muçulmano. Noite após noite, amigos e familiares celebram juntos o "iftar", a quebra do jejum.

As autoridades tentaram limitar os efeitos sanitários do Ramadã, um dos pilares do Islã que começa na quinta-feira. Mas dignitários religiosos rejeitaram as recomendações. Em Bangladesh, o governo pediu uma redução no número de pessoas nas mesquitas. Uma sugestão que irritou um dos principais grupos de imãs do país.

"A cota de fiéis imposta pelo governo não é aceitável. O Islã não apoia a imposição de nenhuma cota de fiéis", disse Mojibur Rahman Hamidi, membro do grupo extremista Hefazat al-Islam, que representa esses imãs. Orar na mesquita é "obrigatório" para muçulmanos saudáveis, acrescentou.

Na sexta-feira, dezenas de milhares se reuniram por ocasião da morte de um pregador, desrespeitando o confinamento. No Paquistão, a fé prevaleceu desde o início da pandemia sobre todas as outras considerações. As autoridades tentaram limitar o comparecimento às mesquitas, ou fechar algumas delas, mas os fiéis rezaram nas ruas adjacentes, lado a lado, desafiando as regras do distanciamento social.

Pressão religiosa

Antes do Ramadã, as autoridades já cederam à pressão religiosa, permitindo orações diárias e congregações noturnas nas mesquitas, depois de promessas de que seriam limpas regularmente. O número de infecções e mortes diárias por coronavírus aumenta no país, que nas próximas horas excederá 10.000 doentes e 200 mortos.

"Vou tomar todas as medidas preventivas, lavar as mãos e usar uma máscara, mas isso não significa que vou parar de assistir às orações, especialmente durante o Ramadã", disse à AFP Zubair Khan, motorista de táxi de Peshawar (noroeste).

Os riscos de espalhar a doença através de reuniões religiosas são um fato. Em março, grandes congregações de missionários muçulmanos resultaram em centenas de contágios na Malásia, Índia, Paquistão e em outros lugares.

Atualmente, a mortalidade por Covid-19 é muito menor nos jovens países asiáticos do que na Europa e nos Estados Unidos, mas está aumentando acentuadamente. O novo coronavírus causou o fechamento de escolas e comércios em toda Ásia, mas a maioria das mesquitas permanece aberta.

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A Malásia debateu se permitiria os bazares do Ramadã, onde os muçulmanos compram os doces que consomem após o iftar. Depois de impor o confinamento nacional, o governo declarou na semana passada que permitiria apenas "bazares eletrônicos", com entregas em domicílio.

"Temos que festejar sozinhos", disse Hadi Azmi, um editor de vídeo de 31 anos. Mas o estado de Perlis, no norte do país, anunciou que violará as diretrizes de Kuala Lumpur e que os comerciantes de alimentos poderão vender seus produtos em suas casas e nas estradas.

Na Indonésia, onde milhões de pessoas viajam para suas cidades de origem após o Ramadã, o governo proibiu esses movimentos populacionais por medo de uma explosão nos casos da COVID-19. Pesquisadores da Universidade da Indonésia estimam que esse fenômeno possa causar um milhão de infectados apenas na ilha de Java, dos quais 200.000 poderão morrer.

Ridwan Kamil, governador da província de Java Ocidental, com uma população de 50 milhões, tenta ser o mais pedagógico possível: "Se você se preocupa com seus entes queridos, fique onde está até que tudo acabe".

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