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Reféns mortos 'por engano' balançavam bandeira branca e pediram ajuda em hebraico, diz Israel

Em comunicado, forças israelenses disseram que soldados confundiram os cativos com 'uma ameaça'

Israel expande operações no Sul de GazaIsrael expande operações no Sul de Gaza - Foto: Mohammed Abed/AFP

O exército israelense informou, neste sábado, que os reféns mortos “por engano” na Faixa de Gaza agitavam uma bandeira branca e pediram ajuda em hebraico, segundo os primeiros elementos da investigação. Israel admitiu, nesta sexta-feira, que os reféns — sequestrados pelo Hamas no ataque terrorista de 7 de outubro — foram fuzilados após soldados os terem identificado “erroneamente” como uma ameaça.

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Os três reféns — Yotam Haim, de 28 anos, Alon Shamriz, de 26, e Samer El Talalqa, de 25 — apareceram “a poucos metros de uma das posições” de Israel no bairro de Shejaiya, na Faixa de Gaza, disse um oficial militar aos jornalistas.

“Um dos soldados os viu quando apareceram. Não usavam camisa e traziam um bastão com um pano branco. O soldado sentiu-se ameaçado e disparou, declarando que eram terroristas. Dois (reféns) morreram", acrescentou esta fonte: “Imediatamente outro foi ferido e correu em direção a um edifício”, explicou, notando que os soldados “ouviram um grito de socorro em hebraico”.

“O comandante do batalhão ordenou que o tiroteio parasse, mas foram disparados novamente contra a terceira pessoa e ela morreu”, continuou o oficial militar.

Pouco depois do anúncio da morte dos três reféns, na noite de sexta-feira, famílias e apoiantes manifestaram-se para pedir um acordo imediato para a libertação dos cativos em Tel Aviv, onde também estavam previstos encontros no sábado.

O exército relatou que foi um “acontecimento trágico” em uma zona da Faixa de Gaza onde os soldados enfrentam “grande pressão”, “combates intensos” e “numerosas emboscadas”.

Segundo o responsável, a “algumas centenas de metros” do local das mortes existe um edifício com um “SOS” escrito na parede. O exército está investigando “se há alguma ligação com os reféns”.

O porta-voz do exército israelense, Daniel Hagari, explicou que durante os combates na Cidade de Gaza, as tropas “identificaram erroneamente três reféns israelenses como uma ameaça e, como resultado, foram alvejados”.

Hagari acrescentou que o incidente estava “sendo investigado” e que “lições imediatas foram aprendidas com este evento e transmitidas a todas as tropas no terreno”.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou a morte dos reféns como uma “tragédia insuportável”, que mergulha “todo o Estado de Israel no luto”.

Pouco depois do anúncio do exército, familiares dos reféns desfilaram com fotos dos cativos em frente ao Ministério da Defesa em Tel Aviv para exigir um acordo imediato para a sua libertação.

Segunda trégua?
“Todos os dias morre um refém”, dizia uma faixa.

“A única forma de libertar os reféns com vida é através da negociação”, disse Motti Direktor, um manifestante de 66 anos. “Estou morrendo de medo. Exigimos um acordo agora”, disse Merav Svirsky, cujo irmão Itay Svirsky está mantido em cativeiro em Gaza.

Nos Estados Unidos, a Casa Branca descreveu a morte dos reféns como um “erro trágico”. Os bombardeamentos israelenses causaram pelo menos 18.800 mortes, 70% das quais mulheres, crianças e adolescentes, conforme o último relatório do Ministério da Saúde do Hamas.

Um acordo de trégua, mediado pelo Qatar, Egipto e Estados Unidos, permitiu uma pausa de uma semana nos combates, no final de novembro, a libertação de mais de 100 reféns em troca de 240 palestinos presos em Israel, bem como a entrega de ajuda humanitária.de emergência. Atualmente, ainda existem 129 reféns em Gaza.

Após o anúncio da morte dos três reféns, o site de notícias Axios informou que o diretor do Mossad — a agência de inteligência israelense —, David Barnea, deve se reunir neste fim de semana na Europa com o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman Al Thani, para contemplar uma segunda fase de trégua que permitiria a libertação de mais reféns.

Entrada de ajuda 'temporária'
A ONU e as ONG descrevem as condições de vida na superlotada Faixa de Gaza, sitiada por Israel desde o dia 9 de outubro, como um pesadelo. Os civis palestinos estão amontoados em áreas cada vez menores. Cerca de 1,9 milhões de habitantes (85% da população) foram deslocados, segundo a ONU. Muitos tiveram que fugir diversas vezes à medida que os combates se espalhavam pelo território.

O Hamas relatou, no sábado, “combates ferozes” no setor de Jabaliya (norte), ataques aéreos e intenso fogo de artilharia em Khan Yunis, o novo epicentro dos combates no sul do enclave. Já Israel, por seu lado, continua a ser alvo de foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza. Jornalistas da AFP viram vários foguetes interceptados sobre Jerusalém na noite de sexta-feira.

Em visita a Israel na quinta-feira e na sexta-feira, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, apelou às autoridades israelenses que passassem para uma fase de “menor intensidade”.

O presidente dos EUA, Joe Biden, por sua vez, alertou o seu aliado israelense que corria o risco de perder o seu apoio internacional. Confrontado com uma pressão crescente, Israel anunciou uma “medida temporária” para permitir a entrega de ajuda a Gaza através da passagem fronteiriça de Kerem Shalom.

A medida visa descongestionar a passagem de Rafah, que faz fronteira com o Egito, única porta de entrada de alimentos e medicamentos. Desde o início da guerra, a ajuda entra aos poucos e depende da autorização de Israel.

Jornalista morto
Além dos civis, os jornalistas também continuam a pagar um preço alto nesta guerra. Um repórter da Al Jazeera morreu na sexta-feira. O chefe do escritório da rede em Gaza, Wael Dahdouh, que perdeu a esposa e dois dos seus filhos no início da guerra, foi ferido no braço por estilhaços de mísseis.

“Ontem ele veio se despedir [...] Ele não comeu nada. Morreu com o estômago vazio”, disse, neste sábado, a mãe de Sameer Abu Daqa, jornalista da Al Jazeera, à AFPTV. Ele foi enterrado em Khan Yunis.

Mais de 60 jornalistas e funcionários da comunicação social foram mortos desde o início da guerra, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas. O fotógrafo Mustafa Alkharuf, da agência de notícias turca Anadolu, ficou ferido após ser espancado pela polícia israelense em Jerusalém Oriental, anexada e ocupada por Israel.

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