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Tecnologia

Tribunal dos EUA rejeita direito autoral para arte gerada por IA sem intervenção humana

Caso aumenta tensão entre artistas que criam obras com auxílio de IA e legislação de direitos autorais

Obra "A Recent Entrance to Paradise", gerada por um sistema de IA criado por Stephen ThalerObra "A Recent Entrance to Paradise", gerada por um sistema de IA criado por Stephen Thaler - Foto: Reprodução/IA/Stephen Thaler

Para a justiça dos Estados Unidos, obras criadas por IA sem intervenção humana não podem ser protegidas por direitos autorais.

O Tribunal de Apelações do Distrito de Columbia manteve a posição já adotada por um tribunal inferior e pelo Escritório de Direitos Autorais dos EUA, que afirmava que a imagem criada pelo sistema de IA "Dabus", de Stephen Thaler, não tinha direito à proteção de direitos autorais.

De acordo com a decisão, apenas obras com autores humanos seriam protegidas.

Em 2018, Thaler havia solicitado ao Escritório de Direitos Autorais dos EUA o registro da imagem "A Recent Entrance to Paradise". Taler havia creditado a obra ao criador de sistema de aprendizado Creativity Machine que ele próprio havia concebido.

O pedido foi negado com a justificativa de que a criação não possuía autoria humana, requisito fundamental para a proteção autoral segundo a legislação vigente.

Thaler recorreu da decisão em 2019 e novamente em 2020, mas suas solicitações foram rejeitadas sob o mesmo argumento: a ausência de autoria humana impossibilita o reconhecimento do direito autoral.

Em novembro de 2023, Thaler recorreu ao Tribunal de Apelações do Distrito de Columbia, que agora confirmou a decisão anterior. "A Creativity Machine não pode ser reconhecida como autora de uma obra protegida por direitos autorais porque a Lei de Direitos Autorais de 1976 exige que toda obra elegível tenha um autor humano", afirmou o tribunal.

Falta de critério legal
Com o desenvolvimento da indústria de IA degenerativa, vem crescendo a tensão entre artistas e o Escritório de Direitos Autorais dos EUA. Ao contrário de Thaler, porém, diversos artistas pedem direitos por imagens criados com assistência de IA.

O Tribunal de Apelações reconheceu que obras criadas com o auxílio de IA podem ser protegidas, desde que haja uma participação humana substancial.

No entanto, ressaltou que ainda não há um critério legal claro sobre o grau de envolvimento humano necessário para que uma obra gerada por IA possa ser registrada.

"Essas discussões sobre a extensão da contribuição da inteligência artificial para o trabalho de um autor humano não são relevantes para este caso", declarou o tribunal.

"Isso porque Thaler listou a Creativity Machine como a única autora da obra em questão, e é inegavelmente uma máquina, não um ser humano."

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