Notícias

Mutum, ave extinta na natureza, ganha reduto em Alagoas

Terreno cedido pela Usina Utinga Leão, do Grupo EQM, vai servir para a reintrodução do mutum-de-alagoas em seu habitat

MutumMutum - Foto: Divulgação

Uma área de mais de meio hectare a cerca de 25 quilômetros de Maceió será cenário de um acontecimento histórico na próxima sexta-feira (22). O mutum-de-alagoas (Mitu mitu), ave símbolo daquele estado e primeiro animal a ser considerado extinto da natureza no Brasil, voltará a seu habitat 30 anos após seu último registro em liberdade. Nesse período, ele só sobreviveu em cativeiro.

O retorno será possível graças a esforços de criadores, universidades, governos federal e estadual e organizações não governamentais (ONGs). A Usina Utinga Leão, do Grupo EQM, do qual faz parte esta Folha de Pernambuco, teve papel essencial nesse processo, já que cedeu o terreno que se tornará reduto da ave.

Leia também:
Aberta a temporada para as aves migratórias em Pernambuco

Na área, já funciona o Centro de Educação Ambiental Pedro Nardelli, em alusão ao homem que, na década de 80, salvou três espécimes de mutum das ameaças contra a Mata Atlântica. Eles passaram a ficar em criatórios e a se reproduzir. Chegaram a mais de uma centena de exemplares. Um casal que era criado pela Crax Brasil, ONG que desenvolve um trabalho de conservação de aves ameaçadas, será transportado de Minas Gerais para Alagoas hoje. Na sexta-feira, o marco será celebrado em um evento para 250 convidados na usina, também como parte das celebrações dos 200 anos de emancipação política daquele estado. O slogan não poderia ser mais sugestivo: “Vamos trazer esse alagoano de volta”.

Analista ambiental da Usina Utinga Leão, Michelle Cardoso explica que o mutum-de-alagoas é uma espécie endêmica, ou seja, ocorria apenas naquela região. De grande porte e com suas penas escuras, atraiu a atenção de caçadores e também foi vítima do desmatamento ao longo da década de 80, mas só foi considerada oficialmente extinta da natureza pelo Ibama em 2001. Há 21 anos, com a criação do Instituto de Preservação da Mata Atlântica (IPMA) pela Utinga Leão juntamente com outras usinas, um projeto para reintrodução do mutum em seu habitat vem sendo desenvolvido.

“Foram muitos anos trabalhando educação ambiental, explicando sobre o mutum-de-alagoas e buscando inseri-lo de novo. É por isso que esse acontecimento é um marco”, afirma Michelle.

O terreno cedido pela usina funcionará como um santuário. A estrutura física necessária foi viabilizada por meio de um termo de ajustamento de conduta (TAC) do Ministério Público estadual. Também houve a contribuição do Grupo Pratagy, que coordenou a construção do centro, e do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA), que se empenhou no licenciamento do novo espaço. “Saber que há décadas não havia essa preocupação com o meio ambiente da maneira que há hoje e vivenciar este momento é algo muito importante para toda a região e para nós, como empresa inserida nesse processo”, finaliza.

Veja também

Polícia Federal prende suspeito de contrabandear micos-leões dourados
Micos-leões

Polícia Federal prende suspeito de contrabandear micos-leões dourados

Congressistas dos EUA pedem combate à desinformação na América Latina
EUA

Congressistas dos EUA pedem combate à desinformação na América Latina

Newsletter