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EUA

Na política externa, Kamala aposta pela continuidade enquanto Trump promete ruptura

Trump considera o presidente Joe Biden e Harris fracos em um mundo que, segundo ele, está em chamas

O ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump, e a vice-presidente dos EUA e candidata presidencial democrata Kamala HarrisO ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano Donald Trump, e a vice-presidente dos EUA e candidata presidencial democrata Kamala Harris - Foto: Chandan Khanna e Ronda Churchill / AFP

Na política externa, tudo opõe Kamala Harris e Donald Trump: a vice-presidente democrata aposta na continuidade, mas com algumas sutilezas, enquanto o ex-presidente republicano promete ruptura.

Trump, que governou o país de 2017 a 2021, considera o presidente Joe Biden e Kamala Harris fracos em um mundo que, segundo ele, está em chamas, da Ucrânia ao Oriente Médio. O republicano promete colocar fim às guerras, mas não diz como.

Este é um resumo das posições de cada um:

Ucrânia
A vice-presidente de 59 anos demonstra um apoio "inabalável" à Ucrânia e deixou isso claro ao presidente Volodimir Zelensky na semana passada em Washington.

Depois que a Rússia invadiu o território ucraniano em 2022, Harris se colocou, junto com o presidente Biden, à frente de uma coalizão de países que apoia a Ucrânia. Espera-se que o grupo continue fornecendo uma grande quantidade de armas ao país.

Já Trump, de 78 anos, mantém uma relação mais tensa com Zelensky. Ele afirma que "essa guerra nunca deveria ter ocorrido" e se compromete a resolvê-la, mas não diz como.

Trump elogia sua "muito boa relação" com o presidente russo Vladimir Putin e critica os valores exorbitantes desembolsados por Washington em apoio a Kiev.

Oriente Médio
Kamala Harris se alinha à posição de Biden e não deu sinais de que vá mudar de estratégia, especialmente no apoio a Israel.

Ela defende "o direito de Israel a se defender" e rejeita suspender a ajuda militar americana, mas promete não "ficar em silêncio" diante do sofrimento dos palestinos.

Ao contrário de Donald Trump, que instou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a "terminar o trabalho", ela defende um cessar-fogo na Faixa de Gaza e no Líbano, priorizando a via diplomática.

Donald Trump afirma que "nunca teria havido um 7 de outubro em Israel", em referência ao ataque do Hamas, se ele estivesse no comando do país.

O republicano acusa Kamala Harris de "odiar Israel".

Quanto ao Irã, ambos adotam uma linha dura, mas Donald Trump acusa a administração Biden de ter deixado que Teerã, inimigo declarado dos Estados Unidos, se "enriquecesse", apesar das sanções.

O bilionário também afirma que se a República Islâmica conseguiu atacar Israel duas vezes, em 13 de abril e na terça-feira, isto se deve a uma suposta "fraqueza" do atual governo americano.

Trump ameaçou "destruir" o Irã se o país atacar um candidato à presidência americana, após as ameaças de Teerã contra ele.

Rivalidade com a China
Ambos os candidatos consideram a China como o principal adversário estratégico dos Estados Unidos.

O ex-presidente observa, não sem razão, que a administração Biden manteve em grande parte as tarifas que ele impôs a uma série de produtos chineses.

Se eleita, Harris provavelmente manterá a política atual de estabilização das relações entre Washington e Pequim e uma gestão "responsável" de suas diferenças.

Trump se mostra mais agressivo contra um país que classifica como inimigo, mas colocou em dúvida um possível apoio dos Estados Unidos a Taiwan se a ilha fosse invadida pela China.

Otan e alianças
O contraste entre eles é abismal neste aspecto.

Kamala Harris se alegra com o fato de que os Estados Unidos restauraram suas alianças sob Joe Biden, incluindo a Otan.

Os anos de Trump foram caracterizados por uma ruptura com acordos multilaterais, como os climáticos ou o nuclear iraniano, por guerras econômicas e por reuniões individuais, como a que teve com o líder norte-coreano Kim Jong Un.

Kamala Harris prometeu que não seria "amiga dos ditadores".

América Latina
Em um artigo recente, Jorge Heine, professor da Escola de Estudos Globais da Universidade de Boston, afirma que a América Latina seria a região mais afetada se Trump vencesse, pois o ex-presidente considera os migrantes latino-americanos "um bode expiatório".

Seu companheiro de chapa, J.D. Vance, estima que o presidente dos Estados Unidos deve ter "autoridade" para ordenar o destacamento de militares contra os cartéis de drogas.

Sua promessa de impor tarifas generalizadas também prejudicaria países da região, principalmente os do Caribe, explica o professor, que prevê também mais sanções contra Cuba, Nicarágua e Venezuela.

Com Kamala, espera-se uma continuidade aa política de Biden, que se caracterizou pelo diálogo, especialmente em questões migratórias e comerciais, com sanções pontuais a países que violam os direitos humanos.

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