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COP26

Na reta final, COP26 busca um acordo difícil sobre carvão e financiamento

Porém, o novo rascunho publicado não faz nenhuma referência ao financiamento das "perdas e danos", ou seja, os efeitos negativos já registrados pela mudança climática

Cúpula da COP26Cúpula da COP26 - Foto: Christopher Furlong / Getty Images Europe / POOL / AFP

Um novo rascunho publicado neste sábado (13) na COP26, que atenua ainda mais os termos da versão anterior em busca de um acordo difícil, pede aos países que acelerem os esforços para eliminar progressivamente o uso do carvão e os subsídios "ineficazes" aos combustíveis fósseis.   

A terceira tentativa de resolução, que foi divulgada após duas semanas de negociações intensas entre quase 200 países na cidade escocesa de Glasgow, não contém, no entanto, nenhuma referência ao financiamento específico das "perdas e danos", ou seja, os efeitos negativos já registrados pela mudança climática.

Esta é uma reivindicação crucial dos países em desenvolvimento e, segundo analistas, pode ser o ponto de bloqueio ou avanço de qualquer negociação.

Apesar das consequências que as nações pobres já enfrentam em consequência do aumento da temperatura global, este tema é especialmente controverso porque os governos de alguns países desenvolvidos, responsáveis pela grande maioria dos gases poluentes emitidos até o momento, temem que resultem em processos bilionários.

"O governo dos Estados Unidos tem que apoiar os mais vulneráveis na questão das perdas e danos. Não pode continuar evitando a questão. A União Europeia também não pode evitar. É razoável que estes países demandem mais apoio e financiamento quando os impactos climáticos os afetam tanto", declarou à AFP a diretora executiva do Greenpeace, Jennifer Morgan.

Plenária atrasada

Ao mesmo tempo, a menção no rascunho divulgado neste sábado aos combustíveis fósseis é ainda mais frágil que na versão anterior, que pedia aos países para "acelerar a eliminação progressiva do carvão" e não "acelerar os esforços para" a supressão, a menção atual.

O texto agora deve ser debatido pelos delegados, cansados após um longa noite de negociação, em uma sessão plenária que foi adiada em algumas horas, com a promessa de um final tardio para uma conferência que oficialmente deveria ter acabado na sexta-feira.

O rascunho, que pode ser alterado novamente, também pede o "reconhecimento da necessidade de apoio para uma transição justa", ou seja, como ajudar os países mais pobres que ainda dependem dos combustíveis fósseis para a descarbonização de suas economias. 

Sem mudança na comparação com as versões anteriores, o texto pede mais velocidade nos planos nacionais de redução de emissões e a apresentação de novas metas no fim de 2022, três anos antes do previsto.  

Desde o Acordo de Paris de 2015, o alarmismo cresceu e o mundo segue rumo a uma situação "catastrófica" caso não sejam adotadas medidas drásticas, insistem os cientistas.

O objetivo fixado em Paris há seis anos era que o aumento da temperatura média global não superasse +2 ºC, e de maneira ideal 1,5 ºC.

Para alcançar a meta é necessário elevar o nível de ambição, impor cortes mais intensos de gases do efeito estufa e planejar uma mudança radical do modelo energético.

Combustíveis fósseis

A forma como o documento final da COP26 mencionará os combustíveis de origem fóssil (petróleo, gás e carvão) será um indicador do nível de ambição da comunidade internacional.

Também estão sobre a mesa de negociações a maneira de contabilizar as emissões, as normas de transparência e de controle mútuo.

Além disso, a comunidade internacional deve dar um passo adiante nos chamados mercados de carbono, ou seja, a forma de negociar permissões de poluição, uma fórmula que provoca muitas críticas de ONGs e comunidades indígenas.

Mas é sobretudo o financiamento desta longa e incerta batalha que provoca mais discussões.

Os participantes nem sequer conseguiram regularizar os 100 bilhões de dólares por ano que supostamente deveriam ser recebidos pelos países vulneráveis desde 2020. E este valor era apenas uma base.

As nações em desenvolvimento desejam que o dinheiro que vão receber a partir de agora seja, em linhas gerais, distribuído em partes iguais para mitigar a mudança climática (reduzir as emissões de gases do efeito estufa) e adaptar-se aos efeitos (por exemplo com barragens, diques nas costas, etc).

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