"Não é sensato descartar todo o esforço da criação do Novo Ensino Médio", defendem secretários
Pais, alunos e professores reclamam que História perde espaço, enquanto temas como "O que rola por aí" e "Brigadeiro caseiro" surge nos currículos
O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) publicou, nesta quinta-feira (16), nota defendendo o novo modelo de ensino médio, que tem sido amplamente criticado por professores, pais e alunos. Segundo o grupo, o Novo Ensino Médio é uma construção coletiva de técnicos das secretarias, em colaboração com as equipes das escolas, especialistas de entidades parceiras e sindicatos.
"Não é sensato pensar em descartar todo esse esforço técnico e financeiro despendido pelas redes estaduais ao longo dos últimos anos. Além de inviável, essa opção, em nenhum momento, foi considerada pelos gestores estaduais, que são os responsáveis pela etapa de ensino na rede pública", informou o Consed.
Pais, alunos e professores reclamam que enquanto disciplinas como História, Sociologia e Educação Física perdem espaço, matérias fora do comum ou com nomes nada explicativos como “O que rola por aí”, “RPG”, “Brigadeiro caseiro”, “Mundo Pets SA” e “Arte de morar” começam a fazer parte da realidade de estudantes do ensino médio nas redes públicas do país.
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Ao Globo, o ministro da Educação, Camilo Santana, que tem sido cobrado pela revogação do modelo criado pelo ex-presidente Michel Temer, afirmou que que essa é uma “agenda complexa de política educacional” e, diante do desafio da melhoria da qualidade do ensino médio, “respostas fáceis não cabem”:
— Falar em revogação sem aprofundar o debate sobre quais são os elementos problemáticos e as promessas não cumpridas não seria justo com os nossos jovens e não nos ajuda a avançar. Defendemos a retomada do diálogo democrático sobre o sentido do ensino médio e sobre como podemos, juntos e com a prudência necessária, entregar a melhor escola.
Para o (Consed), "aprimoramentos e ajustes, próprios de qualquer processo, podem e devem ser discutidos. No entanto, a revogação do Novo Ensino Médio não é o caminho para tornar essa etapa mais atrativa ao estudante", informou o grupo, em nota.
A reforma se transformou em lei em 2017, e 2022 foi um ano teste. Sem um norte do MEC nos últimos anos sobre a implantação (que vai até 2024), cada estado pôs em prática de uma forma. Em alguns, os itinerários já são ofertados na 1ª série. Em outros, a partir da 2ª, após os alunos cursarem Projeto de Vida. Coube ainda aos estados definir novas disciplinas com aumento de carga horária (de 2,4 mil horas para 3 mil horas nos três anos).