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América Latina

"Não renunciarei", diz presidente do Peru enquanto a pressão política e os protestos aumentam

O Peru viveu o décimo dia consecutivo de protestos na sexta-feira

A presidente do Peru, Dina BoluarteA presidente do Peru, Dina Boluarte - Foto: Cris Bouroncle/AFP

A presidente do Peru, Dina Boluarte, garantiu, na sexta-feira (13), que não renunciará ao cargo, apesar da crescente pressão política que se estende à capital Lima e das manifestações que não param após cinco semanas e 42 mortes.

"Algumas vozes que vêm dos violentos e radicais pedem minha renúncia, incitando a população ao caos, à desordem e à destruição. Digo-lhes de forma responsável: não vou renunciar, meu compromisso é com o Peru", disse ela em um discurso ao país transmitido pela televisão estatal.

"Não posso deixar de reiterar meu pesar pelas mortes de peruanos nos protestos. Peço desculpas por esta situação", acrescentou.

O Peru viveu o décimo dia consecutivo de protestos na sexta-feira - após a trégua de fim de ano - em que três ministros renunciaram e os bloqueios de estradas persistiram no sul andino, afetando a cidade turística de Cusco e o trem para Machu Picchu.

O dia começou com um bloqueio quase total de Arequipa, a segunda cidade do país e berço das revoluções, sem comunicação terrestre com as regiões andinas vizinhas de Cusco e Puno.

Também houve manifestações em Tacna, 1.220 km a sudeste de Lima, fronteira com o Chile, país que fechou temporariamente sua passagem na quinta-feira "devido a manifestações nas proximidades do complexo fronteiriço peruano de Santa Rosa", informaram as autoridades chilenas.

Além da renúncia da presidente, os manifestantes exigem eleições este ano, em vez de abril de 2024, e a convocação de uma Assembleia Constituinte que partidos de esquerda e organizações camponesas reivindicam desde 2021.

Soma-se a isso a exigência de justiça e punição dos responsáveis pelas 42 mortes registradas em confrontos com policiais. Há também 531 feridos - 355 civis e 176 policiais - e 329 detidos, segundo a Promotoria, que abriu uma investigação por "genocídio" contra Boluarte.

Pedidos de renúncia
Às vozes que exigiam a renúncia da presidente Boluarte juntaram-se os governadores regionais e várias associações profissionais do Peru.

A deputada opositora Susel Paredes afirmou em uma emissora de rádio que a renúncia de Boluarte "está amadurecendo" e que a renúncia na quinta-feira do ministro do Trabalho, Eduardo García, "é o começo do fim", depois que ele saiu por desentendimentos com a forma como o governo lida com protestos.

O chefe da diplomacia dos EUA para a América Latina, Brian Nichols, disse no Twitter que Washington está "profundamente preocupada com a violência" no Peru e triste com os feridos e mortos nos distúrbios.

Por sua vez, o chefe da missão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que culminou nesta sexta-feira, o advogado guatemalteco Stuardo Ralón, exigiu investigações imparciais sobre indícios de que elementos das Forças Armadas fizeram “uso excessivo da força” na repressão das manifestações.

Logo após a declaração da CIDH, o governo anunciou a renúncia do ministro do Interior, Víctor Rojas, que foi questionado sobre a atuação da unidade antidistúrbios da polícia.

Foi imediatamente substituído pelo general da Polícia reformado Vicente Romero numa cerimônia em que Boluarte também empossou Nancy Tolentino na pasta das Mulheres, ante a renúncia surpresa de Grecia Rojas, e Luis Alfonso Adrianzén no Trabalho.

O bloqueio de estradas, especialmente no sul do país, historicamente marginalizado, também se estendeu a áreas rurais. Enquanto isso, os protestos chegaram à capital.

Em meio à intensa crise, por enquanto sem perspectiva de resolução, as autoridades fecharam o aeroporto de Cusco por motivos de segurança diante de uma escalada de protestos violentos desde o início desta semana, o que também provocou a suspensão das operações ferroviárias a Machu Picchu, a Meca do turismo internacional.

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