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Venezuela

"Não temos medo!": opositores prometem defender seus votos na Venezuela

Manifestantes rejeitam a vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, até 2031, e asseguram que o presidente roubou a vitória de González Urrutia

Uma musicista, que se opõe ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, participa de um comício convocado pelo candidato presidencial Edmundo Gonzalez Urrutia e pela líder da oposição Maria Corina Machado, em frente à sede das Nações Unidas em CaracasUma musicista, que se opõe ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, participa de um comício convocado pelo candidato presidencial Edmundo Gonzalez Urrutia e pela líder da oposição Maria Corina Machado, em frente à sede das Nações Unidas em Caracas - Foto: Yuri Cortez/AFP

Uma jovem acompanha com um violino o hino da Venezuela que milhares de pessoas entoam em uma concentração em Caracas. A manifestação foi convocada para denunciar fraude e reivindicar a vitória do opositor Edmundo González Urrutia sobre Nicolás Maduro nas eleições presidenciais.

A maioria está vestida de branco ou com camisetas da seleção de futebol, a famosa 'Vinotinto'; usam bonés nas cores nacionais, carregam bandeiras do país, cartazes e buzinas, que se estendem por uma avenida central de Caracas.

"Se vê, se sente, Edmundo presidente!", exclama a multidão. "Maduro ditador!", "Não à fraude!", gritam outros.

"Não temos medo!", repetem em coro, determinados a defender seu voto.

Os manifestantes rejeitam a vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, até 2031, e asseguram que o presidente roubou a vitória de González Urrutia, representante da líder María Corina Machado, impedida pela justiça de ocupar cargos públicos.

Em um muro, um manifestante com o rosto coberto por uma bandeira toca incessantemente duas panelas amassadas. A seus pés, um pequeno cartaz diz: "Temos as provas, Edmundo presidente".

Outro rapaz escala habilmente uma grande árvore e pendura uma bandeira venezuelana gigante em seus galhos. As pessoas observam e aplaudem a proeza.

"Somos um só povo", diz Shirley Barillas, uma freira de 41 anos, à AFP. Ela usa uma bandeira venezuelana como capa sobre o hábito. "Temos fé, mas também convicção cidadã".

A concentração, que a oposição definiu como uma "assembleia cidadã", se repetiu em outras cidades.

O chavismo também convocou uma grande marcha em direção a Miraflores, o palácio presidencial, "para defender a paz".

"Qual é o medo?"
Machado e González chegam à concentração em um caminhão aberto usado durante a campanha, entre a animação dos presentes, que sacavam seus celulares para registrar cada momento. "Liberdade, liberdade!".

"Disse a vocês que íamos ganhar e ganhamos!", começou Machado.

"Disse a vocês que íamos cobrar e estamos cobrando!", continuou, em linha com uma promessa de sua campanha: não deixar que "roubem" a eleição.

A líder opositora afirma ter as provas que demonstram a suposta fraude. Em um site, ela reúne cópias de 84% das atas de votação.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), cujo site está fora do ar desde o dia da eleição, não apresentou os detalhes da apuração além do resultado que proclamou Maduro vencedor com 51% dos votos.

"Desafiamos o CNE a entregar as atas. Qual é o atraso? Qual é o medo?", disparou Machado. "Os resultados não são negociáveis. A única coisa que estamos dispostos a negociar é uma transição com garantias para todos".

Neste momento, pessoas que se identificam como testemunhas eleitorais se apresentam espontaneamente e entregam mais pacotes de atas que tinham guardados desde o dia da eleição.

"Tenho fé"
O tom do governo desde o início dos protestos tem sido beligerante e Maduro até responsabilizou a oposição pela "violência criminosa, feridos e mortos" na Venezuela.

González disse que "não há razão para reprimir o povo da Venezuela" em uma mensagem às forças de ordem, que desde segunda-feira dispersam com gás e balas de borracha as manifestações espontâneas que eclodiram após o anúncio do resultado.

Estes primeiros protestos ocorreram em muitas áreas populares, as mais afetadas pela crise econômica.

"Até os bairros (pobres) desceram, as pessoas se cansaram", diz Thaís Farías, uma administradora de 31 anos.

Maduro ordenou um destacamento especial das forças de ordem contra os "comandos [da campanha opositora] violentos unidos ao poder popular".

"Quero ver vocês nas ruas até consolidarmos a paz", pediu. De fato, alguns grupos de manifestantes que se desfaziam após o fim da concentração foram dispersados com gás.

Antes do encerramento, o hino da Venezuela voltou a tocar, e todos cantaram juntos a uma só voz.

Jonathan Rada, de 25 anos, foi à concentração com amigos. Ele veste a camisa da Vinotinto, cujo lema é "irmão, tenho fé".

"Por isso estou usando ela: roubaram 100% nossa eleição, mas tenho fé que vamos sair dessa", garantiu.

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