Logo Folha de Pernambuco

condenação

Navalny, o opositor que continua desafiando Putin da prisão

Alexei Navalny foi condenado a mais 19 anos de prisão

Alexei Navalny durante audiênciaAlexei Navalny durante audiência - Foto: Alexander Nemenov/AFP

Envenenado, preso, condenado, mas firme em suas críticas. O opositor russo Alexei Navalny foi condenado a mais 19 anos de prisão por "extremismo" nesta sexta-feira (4), mas continua sua luta contra o presidente Vladimir Putin, o acusando de repressão, corrupção e denunciando sua ofensiva na Ucrânia.

Preso desde janeiro de 2021, o advogado já cumpre duas condenações que somam nove anos de detenção.

As audiências de seus múltiplos processos e suas mensagens divulgadas por familiares nas redes sociais se tornaram suas tribunas.

Navalny foi julgado novamente nesta sexta-feira em uma penitenciária de segurança máxima na região de Melejovo, 250 quilômetros a leste de Moscou. Familiares, jornalistas e apoiadores acompanharam este último julgamento em uma transmissão de baixa resolução pela televisão.

O advogado de 47 anos aparentava estar mais magro e envelhecido. O envenenamento sofrido em 2020, uma greve de fome e os dias de isolamento o afetaram fisicamente.

Ataques contra Putin
A prisão, porém, não abala suas condenações, como voltou a demonstrar em apelo aos seus compatriotas postado no Facebook logo após a nova sentença.

Os governantes da Rússia "querem assustar vocês, não a mim, e privá-los de sua vontade de resistir", afirmou.

"Uma gangue de traidores, ladrões e canalhas os forçou a entregar a Rússia sem lutar e tomou o poder. Putin não deve atingir seu objetivo", acrescentou.

Navalny costuma zombar de Putin, a quem descreve como um "velho escondido em um bunker" em suas poucas aparições públicas.

Em julho, denunciou a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia como "a guerra mais estupida e insensata do século XXI".

Navalny começou a ganhar notoriedade por organizar manifestações contra o governo em 2011 e 2012. Em 2013, ficou em segundo nas eleições municipais de Moscou.

Denunciado pelas autoridades e ignorado pela mídia oficial, ele ganhou voz ao compartilhar vídeos envolvendo a corrupção em seu país, que viralizaram nas redes sociais.

Seus atos fizeram com que Putin se recuse até mesmo a pronunciar o nome de quem se tornou seu principal adversário.

Navalny, no entanto, ganhou apoio da juventude russa, mas sua popularidade nacional e com outras gerações é limitada.

"Não me calarei" 
Na mídia da oposição, ele ainda é criticado por sua aproximação à extrema direita ou por sua ambiguidade sobre a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014.

Mas seu caso entrou na pauta de opositores, ONGs e potências ocidentais desde que foi envenenado em agosto de 2020 na Sibéria, em plena campanha para as eleições regionais. Após este ocorrido, ele foi transferido para a Alemanha para tratamento, com o aval do Kremlin.

Em dezembro de 2020, ele fez um agente russo admitir pelo telefone que o envenenamento foi uma tentativa de homicídio orquestrada pelos serviços da Rússia.

Voltou ao seu país em 17 de janeiro de 2021 e foi detido no aeroporto. Dois dias depois, chocou o Kremlin ao divulgar um vídeo sobre a investigação de um palácio que Putin teria mandado construir às margens do Mar Negro. O ato gerou tanta repercussão que o presidente precisou desmentir a acusação.

Embora preso, Navalny garante que nunca se renderá.

"Não me calarei e espero que todos aqueles que me ouvem não se calem", afirmou em setembro em um tribunal, após 12 dias de isolamento por ter denunciado a ofensiva russa contra a Ucrânia.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter