Navalny será julgado nesta quarta na Rússia por difamação
Opositor russo ficará preso pelo menos até 15 de fevereiro, no âmbito de um procedimento por violação de um controle judicial
Detido desde seu retorno à Rússia no domingo (17), o opositor Alexei Navalny será julgado nesta quarta (20) por difamação de um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, crime punível com multa, ou prisão - anunciaram seus advogados nesta terça (19).
O comitê de investigação russo abriu este processo de difamação contra Navalny em julho, acusado de ter divulgado "informações mentirosas e injúrias à honra e à dignidade" de um veterano da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A pessoa envolvida havia manifestado na televisão seu apoio ao referendo constitucional do verão passado para reforçar os poderes de Vladimir Putin.
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A investigação do caso foi suspensa durante a hospitalização do oponente na Alemanha, após seu suposto envenenamento em agosto. Navalny acusa o Kremlin pelo ocorrido, e as autoridades russas negam qualquer envolvimento.
Navalny foi preso no domingo, ao voltar para a Rússia procedente de Berlim. Ficará preso pelo menos até 15 de fevereiro, no âmbito de um procedimento por violação de um controle judicial. Está detido em Moscou, em quarentena, devido à pandemia da Covid-19.
A depender da gravidade dos fatos, a difamação pode ser punida com multa de até 5 milhões de rublos (US$ 57 mil) e cinco anos de prisão. Também pode ser alvo de penas mais leves, como trabalho de interesse geral.
O serviço penitenciário russo havia alertado que Navalny seria preso em seu retorno, por ter violado o controle judicial que lhe foi imposto como parte de uma pena de cinco anos de prisão sob sursis por peculato. O opositor de Putin insiste na motivação política deste caso.
Desde o final de dezembro, ele é alvo de uma nova investigação de fraude por suspeita de ter gastado 356 milhões de rublos (US$ 4,8 milhões) em doações para seu uso pessoal.
Moscou ignora apelos do Ocidente
O Kremlin anunciou, nesta terça-feira (19), que "não levará em conta" os pedidos do Ocidente para libertar Navalny e disse que a convocação, por parte deste último, de protestos em massa é "ilegal".
"É um assunto completamente interno e não permitiremos que ninguém se meta", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa.
"Não podemos e não vamos levar em conta essas declarações" feitas em Berlim, Paris, Washington, Bruxelas e Londres, pedindo a libertação de Alexei Navalny, insistiu Peskov.
O porta-voz também denunciou os "apelos preocupantes" do opositor do Kremlin para manifestações em massa no sábado (23).
"Isso, sem dúvida, pode ser alvo de uma análise para determinar se não se trata de convocações para ações ilegais", completou.
Qualquer manifestação na Rússia precisa da autorização das autoridades. Além disso, em grande parte do país, incluindo Moscou, as reuniões em massa estão proibidas pela pandemia da Covid-19.