conflito

Navio cargueiro é atingido por míssil na costa do Iêmen em meio a aumento de tensão no Mar Vermelho

Embarcação pegou fogo, segundo a empresa privada de segurança marítima Ambrey, mas nenhum tripulante ficou ferido

Membros da guarda costeira do Iêmen, leais ao governo internacionalmente reconhecido, patrulham Mar VermelhoMembros da guarda costeira do Iêmen, leais ao governo internacionalmente reconhecido, patrulham Mar Vermelho - Foto: Khaled Ziad/AFP

Um navio cargueiro foi atingido por um míssil nesta sexta-feira, ao largo da costa do Iêmen, provocando um incêndio a bordo, anunciou a empresa privada de segurança marítima Ambrey. O incidente ocorre após uma série de ataques contra navios mercantes perpetrados pelos rebeldes houthis do Iêmen, aliados do Irã, no Mar Vermelho e no Golfo de Aden, em "solidariedade" com Gaza.

"A Ambrey foi informada de um incidente em andamento ao sudeste de Aden", afirmou a empresa. "Um navio cargueiro foi atingido por um 'míssil', causando um incêndio", mas a tripulação está "a salvo", acrescentou.

Desde os primeiros dias da guerra entre Israel e Hamas em Gaza, os houthis, que controlam parte do Iêmen e são apoiados financeiramente e militarmente pelo Irã, têm realizado ataques contra embarcações comerciais que transitam pelo Mar Vermelho, uma das mais movimentadas rotas marítimas do planeta, por onde passam 12% das exportações globais.

Segundo o grupo, as ações são uma forma de apoiar a "resistência" em Gaza, e têm como alvos navios de bandeira ou propriedade de empresas de Israel, ou que tenham como destino portos israelenses, mesmo que seja uma passagem rápida. Em novembro, um navio cargueiro chegou a ser capturado pela milícia, em uma ação cinematográfica que contou com um helicóptero.

Com tantos riscos, em uma área que era conhecida anteriormente pelos ataques de piratas da Somália, seguradoras elevaram os preços cobrados das embarcações que tinham o Mar Vermelho em suas rotas, elevando com isso o valor do frete. Algumas gigantes do setor de transporte marítimo, como a dinamarquesa Maersk, chegaram a interromper suas operações por alguns dias depois de ataques ou tentativas de ataques, e não foram poucos os que tomaram uma decisão ainda mais drástica: contornar a África para ligar a Europa à Ásia e Oriente Médio.

Segundo a agência Reuters, o tráfego de cargueiros pelo Mar Vermelho foi o mais afetado pelos ataques, enquanto o número de embarcações de transporte de petróleo e gás, oriundas do Golfo Pérsico, praticamente não sofreu alterações. Os houthis afirmam que entram em contato com as tripulações assim que elas cruzam o Estreito de Bab el-Mandeb, que dá acesso ao Mar Vermelho, e concedem ou não autorização, dependendo da bandeira e destino. As principais empresas de navegação negam qualquer tipo de acordo do tipo com os rebeldes.

Novos ataques
Mas com tantos interesses estratégicos e econômicos em jogo — estima-se que, por ano, cerca de US$ 1 trilhão em cargas passem pelo Mar Vermelho por ano —, países como os EUA e o Reino Unido, que já realizam patrulhas regulares na área, resolveram elevar o tom. Em dezembro, Washington lançou, com mais 11 nações, uma coalizão naval para tentar proteger os navios comerciais, mas elevou o tom em janeiro, quando, ao lado dos britânicos, passou a lançar ataques aéreos contra posições houthis dentro do próprio Iêmen. O último ataque ocorreu na madrugada desta quarta-feira, atingindo oito posições em áreas sob controle dos houthis.

Os resultados, até agora, não são exatamente claros. Os EUA, apesar de apontarem a destruição de míseis e mecanismos de lançamento nos bombardeios, reconhecem que muitos dos equipamentos usados pelos rebeldes são portáteis e de fácil deslocamento. Ao longo dos últimos anos, o país tampouco esteve entre as prioridades dos serviços de inteligência ocidentais, dificultando o trabalho de determinar alvos importantes. Na semana passada, o presidente Joe Biden, apesar de declarar que os bombardeios continuarão, afirmou que eles não vão parar os houthis. 

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