Logo Folha de Pernambuco

imigração

Navio humanitário "Ocean Viking" com 230 migrantes atraca na França

O "Ocean Viking" inicialmente procurou atracar na costa italiana, porém o país europeu recusou-se a receber os migrantes

Navio humanitário "Ocean Viking" com 230 migrantes atraca na FrançaNavio humanitário "Ocean Viking" com 230 migrantes atraca na França - Foto: Christophe Simon / AFP

O navio humanitário "Ocean Viking" atracou nesta sexta-feira (11) no porto militar de Toulon, no sul da França, com 230 migrantes resgatados no Mediterrâneo, em frente à costa da Líbia.

Depois de três semanas no mar, em uma busca sem sucesso por um porto seguro na Itália, o "Ocean Viking" chegou ao cais na França por volta das 8h50 (4h50 de Brasília) e "seus passageiros começaram a desembarcar", declarou o prefeito da região, Evento Richard.

Este é o primeiro desembarque na França de um navio de resgate que ajuda migrantes no Mediterrâneo, após um confronto diplomático com a Itália, que se recusou a abrir seus portos.

"Há muita emoção a bordo, todos estão muito, muito cansados, mas aliviados por chegar à terra. É o fim de uma provação", comentou à AFP Laurence Bondard, da ONG SOS Méditerranée, que opera o navio.

O "Ocean Viking" inicialmente procurou atracar na costa italiana, a mais próxima do local onde os migrantes foram resgatados. A Itália, porém, recusou, argumentando que outros países deveriam assumir mais responsabilidades para receber migrantes que tentam chegar à Europa a partir do norte da África a cada ano.

"É um caso excepcional (...) levando em consideração os 15 dias de espera no mar que as autoridades italianas fizeram os passageiros sofrerem", afirmou, na quinta-feira, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin.

O ministro criticou o comportamento "incompreensível" e contrário ao "direito internacional" da Itália, liderada por um governo de extrema-direita, e alertou que haverá "consequências" nas relações bilaterais.

Por sua vez, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, denunciou uma reação francesa "agressiva, incompreensível e injustificável", recordando que seu país acolheu este ano quase 90 mil migrantes, enquanto os países europeus que haviam se comprometidos a assumir 8 mil pessoas, receberam apenas 117.

Zona de espera internacional
A porta-voz da SOS Méditerranée, Meryl Sotty, disse à AFP que um médico subiu a bordo antes do navio atracar para identificar os passageiros mais vulneráveis para o desembarque prioritário, seguidos por crianças, mulheres e famílias.

Os migrantes, incluindo 57 crianças, serão levados para uma área de espera internacional para aguardar o processamento de seus pedidos de asilo.

"Aqueles que não obtiverem asilo serão transferidos diretamente da sala de espera para seu país de origem", disse Darmanin.

Um jornalista da AFP observou a entrada de ônibus militares no porto para transportar os migrantes.

Nove países europeus vão receber dois terços dos imigrantes, segundo Darmanin, com o terço restante permanecendo na França.

A Alemanha vai receber "mais de 80", enquanto a Croácia, Romênia, Bulgária, Lituânia, Malta, Portugal, Luxemburgo e Irlanda vão contribuir em nome da "solidariedade europeia", detalhou.

Em retaliação à posição da Itália, a França suspendeu um plano para hospedar 3.500 refugiados atualmente na Itália, como parte de um acordo europeu de compartilhamento de migrantes, e instou a Alemanha e outros países da União Europeia (UE) a fazerem o mesmo.

Controles reforçados
A polícia francesa anunciou nesta sexta-feira que reforçou os controles em várias passagens de fronteira com a Itália.

A França considera que, com base no direito marítimo internacional, a Itália deve receber o "Ocean Viking".

Mas o ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, disse esta semana que estava enviando um sinal para os países da UE de que deveriam ajudar mais a Itália na questão da recepção de imigrantes.

De acordo com o direito internacional, os navios em perigo ou com pessoas resgatadas devem poder atracar no porto mais próximo. Isso implica que a Itália e Malta são as terras de desembarque para a maioria dos migrantes que partem da Líbia.

Em junho, uma dúzia de países europeus, incluindo a França, concordou em aceitar a entrada de imigrantes pela Itália e outros países.

Para Tajani, a relutância de Roma tem como objetivo pressionar a UE a ter um papel mais ativo.

Ele deseja "um acordo para estabelecer, com base na população (de cada país), como realocar os migrantes com direito a asilo".

Desde o início do ano, apenas 164 foram transferidos da Itália para outros países, o que Roma considera insuficiente. Desde 1º de janeiro, mais de 88 mil pessoas chegaram às suas costas.

Veja também

Rodoviários se reúnem na Caxangá em pressão por paralisação; categoria tem reunião no TRT esta sexta
PARALISAÇÃO

Rodoviários se reúnem na Caxangá em pressão por paralisação; categoria tem reunião no TRT hoje

Argentina rejeita ordem de prisão do TPI porque 'ignora' direito de defesa de Israel
POSICIONAMENTO

Argentina rejeita ordem de prisão do TPI porque 'ignora' direito de defesa de Israel

Newsletter