Conflito

Negociações por trégua na Faixa de Gaza chegam ao 4º dia no Egito

O conflito mergulhou a Faixa em uma crise humanitária e 2,2 milhões de pessoas, a grande maioria da população de 2,4 milhões de habitantes, enfrenta risco de fome, segundo a ONU

Palestinos carregam seus pertences por uma rua em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 6 de março de 2024Palestinos carregam seus pertences por uma rua em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 6 de março de 2024 - Foto: AFP

Os mediadores internacionais deram continuidade nesta quarta-feira (6), pelo quarto dia consecutivo, às negociações para alcançar uma trégua entre Israel e Hamas em Gaza, onde a morte e a fome se tornaram a realidade cotidiana dos civis.

Reunidos no Cairo, Egito, Estados Unidos e Catar esperam conseguir instaurar uma trégua a partir de domingo ou da segunda-feira - antes do início do ramadã - neste território sitiado e devastado após cinco meses de guerra.

Ali, os bombardeios israelenses deixaram 86 mortos nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas.

O conflito mergulhou a Faixa em uma grave crise humanitária e 2,2 milhões de pessoas, a grande maioria da população de 2,4 milhões de habitantes, enfrenta risco de fome, segundo a ONU.

O acordo de trégua que está sendo costurado consistiria em um cessar-fogo de seis semanas e permitiria a libertação de reféns retidos em Gaza em troca de presos palestinos detidos em Israel, além do aumento do envio de ajuda humanitária para Gaza.

As negociações, que começaram no domingo no Cairo e das quais Israel decidiu não participar, embora o Hamas tenha enviado uma delegação, são "difíceis", segundo a emissora AlQahera News, próxima ao serviço de inteligência egípcio.

O acordo de trégua é algo que "está nas mãos do Hamas", afirmou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na terça-feira, pedindo, por outro lado, que Israel permita a entrada de "mais ajuda" em Gaza.

- Lista de reféns -
A questão delicada dos reféns em Gaza está no centro das negociações, mas o Hamas pede, antes de assinar qualquer acordo, um cessar-fogo definitivo, que as tropas israelenses deixem Gaza, a reconstrução do território e que centenas de milhares de deslocados possam retornar para suas casas.

Israel rejeita as condições e afirma que prosseguirá com a ofensiva até eliminar o Hamas. Segundo a imprensa do país, o governo israelense exigiu que o grupo islamista entregue uma lista precisa dos reféns.

Um líder político do Hamas, Bassem Naim, declarou à AFP, no entanto, que o movimento não recebeu nenhum pedido sobre os reféns e que ele não sabe quais estão "vivos ou mortos".

A guerra começou após o ataque de comandos do Hamas em Israel no dia 7 de outubro, quando 1.160 pessoas foram mortas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.

Os comandos também sequestraram cerca de 250 pessoas: Israel calcula que 130 permaneçam como reféns, das quais 31 teriam morrido.

Em resposta, o Exército israelense iniciou uma ofensiva contra o Hamas, movimento que governa Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

A campanha aérea e terrestre de Israel matou 30.717 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

- Pressão por ajuda alimentar -
Nesta quarta-feira, cerca de 40 bombardeios israelenses tiveram como alvo Khan Yunis, no sul, a Cidade de Gaza, no norte da Faixa, e Deir el Balah, no centro do território palestino, segundo as autoridades do Hamas.

Dezenas de habitantes puderam entrar durante o dia em Khan Yunis para inspecionar suas casas e recuperar pertences entre os escombros, depois que as tropas israelenses se retiraram do centro desta cidade em ruínas, segundo um correspondente da AFP.

Questionado sobre esta retirada, o Exército israelense não respondeu de imediato.

Além dos combates e bombardeios, a fome ameaça a população civil.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU advertiu na terça-feira que há "níveis catastróficos" de fome no norte do território, aonde é cada vez mais difícil chegar devido à destruição, aos combates e aos saques.

O Ministério da Saúde do Hamas anunciou nesta quarta-feira que uma adolescente de 15 anos "morreu de desnutrição" nesta região. Com ela, já são 18 os mortos por inanição e desidratação.

A África do Sul solicitou à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que imponha novas medidas de emergência contra Israel pelo que descreveu como uma "fome generalizada" em Gaza.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, afirmou ter transmitido a Benny Gantz, membro do gabinete de guerra israelense, que Israel "tem a responsabilidade legal de garantir que os civis tenham acesso à ajuda" e que a situação "deve mudar".

O governo italiano anunciou que lançará na segunda-feira a iniciativa "Food for Gaza" para coordenar a ajuda alimentar para este território junto às agências especializadas da ONU e da Cruz Vermelha.

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